O senador Davi Alcolumbre (União-AP) foi escolhido neste sábado (1º) como novo presidente do Senado. Ele venceu a disputa em primeiro turno, recebendo 73 votos. Seu mandato vai até fevereiro de 2027.
A eleição ocorreu por meio de cédulas de papel, em votação secreta, com a chamada dos senadores seguindo a ordem de criação dos estados. Alcolumbre sucede Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que esteve à frente da Casa por quatro anos.
Todos os 81 senadores compareceram à sessão e participaram da votação. A reunião começou às 10h36, ainda sob a condução de Pacheco, mas o resultado somente teve anúncio às 15h19.
Alcolumbre superou os senadores Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE), que receberam quatro votos cada. Marcos do Val (Podemos-ES) e Soraya Thronicke (Podemos-MS) desistiram da candidatura durante a sessão.
Três senadores afastados para assumir ministérios retornaram temporariamente para votar: Camilo Santana (Educação), Carlos Fávaro (Agricultura) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social). Suas suplentes ocupam os cargos durante a licença.
Debate sobre voto secreto
Antes dos discursos, Eduardo Girão defendeu que a votação fosse aberta. Segundo ele, a Constituição não prevê sigilo na escolha da Mesa Diretora. No entanto, Rodrigo Pacheco negou o pedido, citando que o Regimento Interno exige voto secreto e que o STF já reconheceu essa possibilidade.
Posicionamento dos candidatos
Os candidatos à Presidência do Senado se pronunciaram em ordem alfabética. Dessa forma, o Astronauta Marcos Pontes discursou primeiro. Ele destacou a necessidade de resgatar o equilíbrio entre os Poderes.
“Lutarei para restabelecer o equilíbrio entre os Poderes. Minha candidatura pretende devolver a grandeza ao Senado, com o fortalecimento da autonomia do Legislativo, defesa das prerrogativas parlamentares e aumento da participação da bancada feminina”, declarou.
Davi Alcolumbre se apresentou como defensor do diálogo e da estabilidade institucional. Ele enfatizou a importância do respeito entre os Poderes para garantir um ambiente político equilibrado.
“Pretendo conduzir o Senado com altivez, sabedoria e calma, mas também firmeza e independência. O relacionamento entre os Poderes, embora regido pela Constituição, tem sido testado por tensões e desentendimentos. Não há futuro sem diálogo, respeito e democracia forte” afirmou.
Eduardo Girão criticou a imagem do Senado e afirmou que é necessário resgatar a confiança da população.
Nosso grande problema foi não ter enfrentado a luta pelo reequilíbrio entre os Poderes. A insegurança jurídica e caos institucional que vivemos é porque o Senado não fez o dever de casa. É preciso coragem, sobriedade e coerência para exercer essa função. Temos que sair da terceira divisão e ir para a elite das instituições brasileiras”, disse.
Marcos do Val retirou a candidatura, alegando perseguição política.
“Hoje vivemos a maior perseguição política da história, com conivência da Mesa do Senado. Fui submetido a medidas ilegais e inconstitucionais que ferem direitos garantidos pela Constituição. Divergências são parte da democracia, mas não podem ser resolvidas na base do autoritarismo e perseguição política”, afirmou
Soraya Thronicke também desistiu, ponderando sobre coragem para avançar , mas argumentando sobre a responsabilidade e sabedoria quando se tem que recuar.
“Peço ao senador Davi Alcolumbre que honre o compromisso firmado entre nós de abraçar as pautas da bancada feminina. Confio no poder de liderança e capacidade de aglutinar a todos nós. Espero que se empenhe e faça um esforço para tornar tudo isso realidade”, discursou.
Trajetória política de Alcolumbre
Davi Alcolumbre assumiu a Presidência do Senado imediatamente após a vitória. Esta é a segunda vez que ele ocupa o cargo. Em 2019, ocupou a presidência do Senado pela primeira vez, sendo o mais jovem a assumir a função.
Natural de Macapá (AP), iniciou a carreira política como vereador em 2001. Em 2002, tornou-se deputado federal e permaneceu na Câmara até 2014, quando conquistou uma vaga no Senado. Nos últimos quatro anos, comandou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Em seu primeiro mandato como presidente do Senado, assinou a transferência definitiva de terras da União para o Amapá, atendendo a uma reivindicação de mais de três décadas do estado.