Não se sabe a quem pode interessar a política monetária do Banco Central, ao manter a maior taxa de juro real do mundo em vigor. Não convém aos trabalhadores, nem aos empreendedores e muito menos ao governo, que vê o seu orçamento comprometido com rolagem da dívida, dinheiro esse que poderia ser investido no crescimento do país.
O pobre continua sem poder de compra. Antes não podia comprar carne, depois abriu mão do frango, migrou para o porco e hoje sequer dá pra falar em comer arroz, feijão e ovo porque está tudo pela hora da morte. Até os produtos de higiene pessoal. Sem contar que quanto mais pobre, maior é a anuidade do cartão de crédito, do juros do cartão e até mesmo aquele dinheirinho emprestado pego nas financeiras a juros caríssimos.
Em uma decisão que gerou surpresa entre alguns economistas, o Banco Central optou por manter a taxa Selic inalterada em 13,75% ao ano. Mesmo com a queda da inflação e as pressões do governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que ainda existem riscos sobre a inflação, como eventuais pressões globais sobre os preços e incertezas “residuais” sobre a votação do arcabouço fiscal.
Essa foi a sétima vez seguida em que o BC não mexe na taxa, que permanece no maior nível desde janeiro de 2017. O Copom avaliou que a conjuntura exige paciência e serenidade na condução da política monetária, e os próximos passos dependerão da evolução da dinâmica inflacionária e das expectativas de inflação.
Após uma sequência de aumentos na taxa Selic em 2021 e 2022, a decisão de manter a taxa elevada foi recebida com descontentamento pelo mercado, o qual projeta que a medida poderá dificultar ainda mais a recuperação da economia. Embora a elevação da taxa Selic ajude a conter a inflação, juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo.
Enquanto os estímulos e cortes dos juros favoreceriam a produção e o consumo, a decisão do BC pode impulsionar a turbulência financeira e causar uma queda nos ganhos econômicos esperados. Resta agora aguardar os próximos movimentos do Comitê para observar se a taxa Selic continuará mantida em um nível elevado, ou se haverá uma tentativa de estimular a economia por meio da redução dos juros. Mas uma coisa é certa: a economia brasileira segue em um clima de incerteza e expectativa.
