Os barcos que trouxeram os primeiros imigrantes eram lotados de italianos. Foto: Arquivo.
O “Dia Nacional do Imigrante Italiano” é celebrado anualmente em 21 de fevereiro no Brasil. Isso porque o país é o maior território com raízes italianas em todo o mundo, ficando atrás, naturalmente, apenas da própria Itália. Prestamos homenagem aos descendentes dos imigrantes italianos nessa data. A lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008, oficializou o Dia Nacional do Imigrante Italiano em todo o território brasileiro.
A escolha dessa data é uma homenagem à expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, ocorrida em 1874, chegava então ao Brasil o Vapor “La Sofia” com a primeira leva de imigrantes italianos, composta por 386 famílias. Esse evento marcou o início do processo de migração em massa dos italianos para o Brasil. Durante o século XIX e XX, muitos camponeses italianos aceitaram os pedidos do governo brasileiro para trabalhar nas lavouras do país, principalmente nas regiões sudeste e sul.
Com a seguinte frase em cartazes e propagandas, os italianos eram convidados pelo governo a começar uma nova vida com suas famílias no Brasil:
“Venite a construire i vostri sogni con la famiglia.
Un paese di opportunità. Clima tropicale vito in abbondanza. Ricchezze minerali. In Brasile putete avere il vostro castello. Il governo dá terre ed utensili a tutti.”
(“Venham construir os seus sonhos com a família.
Um país de oportunidade. Clima tropical e abundância, Riquezas minerais. No Brasil vocês poderão ter o seu castelo. O governo dá terra e utensílios a todos”).
Governo italiano incentivava emigração ao Brasil. Foto: Arquivo.
Origem
A imigração italiana no Brasil, teve motivações nas dificuldades econômicas, crescimento demográfico e lutas pela unificação do país que a Itália enfrentará à época. Esses fatores levaram muitas famílias rurais a buscarem melhores condições de vida em outros lugares. Os Estados Unidos, inicialmente um destino popular para imigrantes, tornaram-se mais restritivos com o tempo. O Brasil, como um país novo, oferecia uma alternativa viável.
As primeiras famílias inteiras vieram para trabalhar no campo. A emigração era uma forma do próprio governo italiano estimular os cidadãos para a mudança de país. Ao mesmo tempo também era uma solução de sobrevivência para inúmeras famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1870 e 1920, após essa data a imigração entrou em decadência. O ditador Benito Mussolini, com seu governo nacionalista, começou a controlar a emigração italiana. Com a declaração de guerra entre Brasil e Itália e a recuperação contínua da economia italiana, a chegada de italianos no Brasil diminuiu.
Oportunidade
Em 1888, com a abolição da escravidão, houve uma demanda crescente por mão de obra nas fazendas brasileiras, impulsionando ainda mais a imigração italianas, o Brasil precisava recompor a sua mão de obra agrícola. Em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, o café estava em expansão na segunda metade do século XIX e era a nossa principal atividade econômica, no sul do país, os italianos cultivaram à uva e faziam o vinho, atividades a que já estavam familiarizados.
Despedidas
Atravessar o Atlântico em direção à América não era nada fácil, mas todos acreditavam em uma vida melhor no Brasil. Os primeiros italianos embarcaram no dia 03 de janeiro de 1874, no porto de Genova, no Vapor “La Sofia” só chegariam após 49 dias, no Espírito Santo, no dia 21 de fevereiro.
A viagem era na terceira classe de um navio a vapor, duravam em média 50 dias. Portanto, os primeiros imigrantes italianos só chegariam após 49 dias, no Espírito Santo, no dia 21 de fevereiro.
Milhões de italianos abandonaram seu país, deixaram para trás suas famílias, e embarcaram em um navio sem saber se um dia voltariam para a terra natal. Não sabiam se iriam voltar à pátria mãe, se reencontrariam pai, mãe, irmão, tios algum dia na vida. Passaram por uma verdadeira aventura sem saber o que encontrariam pela frente.
Como forma de amenizar o sofrimento de angústia dentro do navio, todos cantavam músicas que relembrassem a Itália. A cantoria era o aconchego, o acalanto, de gerações que chegaram aqui para construir suas famílias, trazendo seu próprio modo de viver cheio de alegria e disposição, compartilhar seus costumes, sua gastronomia, sua língua, sua religiosidade.
Uma das músicas preferidas cantadas durante a travessia do atlântico, era a canção folclórica Mérica, Mérica: – “Mérica, Mérica, Mérica, cossa sarà ‘sta Mérica? Mérica, Mérica, Mérica”.
O dia de hoje não representa apenas um marco na história Brasil – Itália, mas muito além disso, representa a construção da nossa história. Essa data é uma oportunidade para reconhecer a contribuição significativa da comunidade italiana na diversidade cultural do Brasil. Por isso, é um dia para que os descendentes de italianos possam HONRAR e AGRADECER à força, determinação e a oportunidade que seus antepassados nos deixaram como legado.
Atualmente, estima-se que mais de 30 milhões de brasileiros são descendentes de italianos, o que faz do Brasil o país com maior número de descendentes italianos no mundo.
