Pesquisadores, professores, estudantes, empresários e autoridades do Executivo e Legislativo se reuniram na Conferência de Ciência, Tecnologia e Inovação para debater e propor caminhos para o fortalecimento da CT&I no Estado do Rio de Janeiro e contribuir para a Conferência Nacional. O evento aconteceu na Sala Nelson Pereira dos Santos e na Universidade Federal Fluminense (UFF), nas últimas segunda (27) e terça-feira (27), em Niterói.
O encontro debateu temas como o complexo econômico e industrial da saúde, tecnologias de baixo carbono e transição energética. Também tratou sobre segurança alimentar, inovação pelo oceano, violência, cidade e metrópole, comunicação, divulgação científica e ciência básica. Ao término do evento, um mapa de ações foi elaborado, para apresentação no evento nacional.
Durante a abertura oficial do evento, o secretário-geral da conferência nacional, Sérgio Rezende, fez algumas ponderações sobre espaços para debater ciência no país.
Não temos conferência nacional há 14 anos, e nos últimos 8 anos, tivemos uma situação muito difícil na ciência com corte de recursos, com falta de apoio. Então, a retomada no governo do Presidente Lula é muito grande. O presidente determinou que o grande fundo nacional de ciência tecnologia vai ser completamente utilizado para financiar a ciência.”
Ele também apresenta uma visão promissora da retomada da ciência no Brasil.
A comunidade científica está passando por um rejuvenescimento, com mais entusiasmo, e isso é muito importante porque precisamos produzir ciência, atraindo jovens e fazendo com que os jovens formados fiquem no Brasil. Pois nos últimos anos nós tivemos uma evasão de cérebros. Então está havendo uma retomada de investimentos, acompanhada por uma retomada de ânimo. Uma conferência como essa só se pode fazer quando as pessoas estão animadas, entusiasmadas. E é o que está acontecendo agora.”
Propostas coletivas
O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luís Fernandes, destacou a importância da elaboração coletiva de propostas que o evento proporciona.
Investimos nessa conexão entre a academia e as empresas. Precisamos financiar e incentivar a união desses dois mundos. Desse jeito, teremos mais estrutura para realizar pesquisas e mais soluções aplicadas ao mercado”, disse Luiz. “Não é possível pensarmos em ciência, tecnologia e inovação se todos os lados não estiverem envolvidos. Temos importantes instituições de ensino no estado. Mas as empresas precisam ampliar os investimentos nesses setores. E precisamos de políticas públicas sólidas, que não se esvaziem com trocas de governo”.
Debates
Ao longo dos dois dias, a Conferência promoveu importantes debates sobre os desafios da ciência e tecnologia no estado, bem como a proposta de um relatório para contribuir com a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Para o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, o país precisa ter a ciência como elemento central, para guiar projetos que permitam avanços sociais e econômicos. Ele citou a área de saúde como exemplo da necessidade de mais investimentos.
Hoje, o grau de dependência do país por conhecimento e tecnologias desenvolvidas no exterior é incompatível com o modelo de sistema de saúde que nós temos, que é universal e atende 213 milhões de pessoas. Temos que ter ciência e tecnologia fortes, que torne esse sistema sustentável”, disse Mario. “Existe esse desafio. Nós que somos agentes institucionais e formuladores de políticas públicas, precisamos pensar em maneiras de recuperar um projeto de país soberano, altivo, com a ciência e tecnologia como bases fundamentais”.
O vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, reforçou a importância de unir poderes público e privado para aumentar o número de pesquisas no setor de tecnologia.
Anfitrião do evento, o reitor da UFF, Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, ressalta a cidadania científica e que a ciência e tecnologia é um instrumento do processo civilizatório e que a importância dessa conferência é agrupar diversos públicos na construção de políticas públicas.
É um prestígio para nós mostrar o papel da UFF nesse processo de união e reconstrução nacional através da ciência, tecnologia e inovação” conclui.