
Abraçado ao ex-presidente da Câmara Municipal de Campos, Marcos Bacellar, pai e mentor político de Rodrigo Bacellar, Claudio Castro aponta o presidente da Alerj como seu sucessor | Philippe Lima/Governo do Rio/Divulgação
O deputado estadual Rodrigo Bacellar (União) ganha força como principal nome do grupo do governador Cláudio Castro (PL) para disputar o comando do estado no próximo ano. Durante a inauguração da Ponte da Integração no Norte Fluminense, reduto político do presidente da Alerj, Castro reforçou o apoio de forma simbólica. Ao lado do aliado, riu e bateu em seu ombro, declarando que pretende entregar o governo “arrumadinho” para quem chamou de “meu sucessor”.
“Minha missão vai acabar no ano que vem, e quero deixar tudo organizado para meu sucessor, garantindo a continuidade do avanço do Rio de Janeiro”, afirmou Castro, enquanto a plateia aplaudia e entoava gritos de “governador” para Bacellar.
Apoio e projeção política
Reeleito para um novo mandato como presidente da Assembleia Legislativa, Bacellar se consolida como o principal candidato governista para enfrentar Eduardo Paes (PSD) na corrida eleitoral. Ele já tem apoios públicos, como do PL, liderado no Rio de Janeiro pelo deputado niteroiense Altineu Côrtes, 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados.
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Apesar do avanço na articulação, desafios políticos seguem em pauta. O principal envolve o vice-governador Thiago Pampolha (MDB), que deve assumir o governo em abril de 2026, caso Castro se desincompatibilize para disputar o Senado.

Rodrigo Bacelar é reeleito presidente da Alerj para mais dois anos de mandato, com o voto de todos os membros do parlamento | Reprodução
Bacellar quer estar no cargo durante a eleição para fortalecer sua candidatura. No entanto, a permanência de Pampolha no comando do estado pode mudar o cenário. O atual vice é ligado a Washington Reis, presidente do MDB-RJ e atual secretário de Transportes, que também deseja influenciar a sucessão. Embora Reis tenha intenção de disputar, encontra-se inelegível devido a uma condenação por crime ambiental. O processo está no Supremo Tribunal Federal, com decisão pendente no STF sob relatoria do ministro Flávio Dino.
“Sou muito grato por ter meu nome lembrado para projetos maiores. Se for pelo grupo, estou dentro e vou até o fim”, declarou Bacellar em discurso recente.
Obstáculos e estratégias para 2026
Para concorrer a qualquer cargo nas eleições do ano que vem, por exemplo ao Senado ou Câmara dos Deputados, Castro precisa renunciar ao cargo em abril. Como resultado imediato e natural, Thiago Pampolha assumiria o governo. Mas esse se trata do cenário que Bacellar gostaria de evitar para consolidar seu nome na disputa. Entretanto, caberá ao grupo político, sobretudo o PL, convencer Pampolha a abrir mão não somente da candidatura, como também de governar o Rio de Janeiro por oito meses.
O adversário em potencial seria o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Ele já contabiliza uma tentativa com esmagadora derrota para o cassado Wilson Witzel, em 2020. Apesar de ter boa viabilidade na capital e em algumas cidades da Baixada e Leste Fluminense, Paes sucumbe no interior. Principalmente, onde Bacellar e seus aliados são extremamente potentes em termos eleitorais.
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Além disso, vale lembrar que o PL ocupa 22 das 92 prefeituras do estado do Rio. O Progressistas (PP) tem 17. O União Brasil, vem logo atrás, com 12, com o MDB, em seguida, com 11. O Solidariedade elegeu nove prefeitos, enquanto o Republicanos emplacou cinco prefeituras e o Cidadania quatro. Em seguida, vem o PSD de Eduardo Paes com três prefeituras (Rio de Janeiro, Porciúncula e Carmo), empatado com o PT, que já anunciou o ex-prefeito de Maricá, Fabiano Horta como pré-candidato.
Conquistaram uma prefeitura apenas o PDT (Rodrigo Neves, Niterói), AGIR (Marina Rocha, Guapimirim) e o PRD (Breninho, Sapucaia).
Em outras palavras, do mesmo modo que o interior elegeu Witzel, em 2018, e Castro, em 2022, Bacellar tem tudo para seguir neste mesmo caminho já pavimentado. União Brasil e PL juntos, somariam 35 prefeituras, o equivalente a 38% dos municípios. Mesmo que Paes conseguisse unir em torno dele, hipoteticamente, PP e MDB, o total de partidos ficaria em 31 – 4 a menos.
Por último, a aliança de Bacellar ainda teria como certa a presença de partidos como o Solidariedade, Republicanos, PRD e AGIR, somando mais 16 prefeituras ao mapa político. Há siglas que apesar de não ter prefeituras, tem deputados: como Mobiliza e Avante.
Em resumo, a aventura de Paes fica ainda mais desafiadora sem PP ou MDB. Dificilmente, ele conseguiria ter acordo com as duas legendas. No sentido contrário, o governo Castro e Bacellar teria mais facilidade para construção do diálogo com os dois partidos, acomodando todos os interesses.