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Carlos Tortelly: Idosa luta por transferência após sofrer infarto

Zélia está internada no hospital Carlos Tortelly – Foto: Arquivo pessoal

Por Vítor d’Avila – especial para a FOLHA DO LESTE

A princípio, após a morte de Gerson de Souza, de 71 anos, em junho deste ano, no Hospital Municipal Carlos Tortelly, outra família de Niterói teme que aconteça o mesmo com uma mulher, também idosa, que luta pela vida após sofrer um infarto.

Em síntese, este também é o caso de Zélia da Conceição Campos Alves, moradora do Badu. Do mesmo modo que Gerson, Zélia também tem 71 anos, e está internada na unidade de saúde desde o dia 3 de junho. Inicialmente, ela deu entrada se queixando de dores torácicas.

Logo depois do seu atendimento, constatou-se que ela sofrera um infarto agudo do miocárdio. Assim sendo, passou a necessitar, com urgência, de uma cirurgia de revascularização, mais conhecida como “ponte de safena”. Contudo, este procedimento não é realizado no Carlos Tortelly.

Desta forma, uma transferência para uma unidade adequada se tornou necessária. A família só não esperava que conseguir a realocação da paciente em outro hospital representaria uma corrida pela vida, pois já dura mais de um mês.

Filha denunciou má infraestrutura da unidade de saúde – Foto: Arquivo pessoal

Cada dia que passa, minha mãe está pior. O cateterismo que ela fez, pagamos por fora. Está com várias artérias obstruídas. A indicação da cirurgia é imediata”, afirmou a enfermeira Eliane Campos Alves, filha de Zélia.

Ainda assim, sem conseguir a transferência junto à Fundação Municipal de Saúde (FMS), responsável pelo Carlos Tortelly, a família de Zélia entrou na Justiça e conseguiu três decisões favoráveis, seja para uma unidade, pública ou particular, de alta complexidade. Todavia, o Município não cumpriu nenhuma, até o momento.

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O hospital não vem respeitando as decisões judiciais e não nos dá nenhuma resposta. Minha mãe é uma pessoa ativa. Mesmo infartada, chegou andando ao hospital. Agora, não tem mais sensibilidade nas pernas e mãos e os rins entraram em falência. No domingo, ela piorou e precisou ser colocada na Sala Vermelha”, acrescentou a filha.

Contudo, a decisão mais recente se deu no último sábado (8), proferida pela juíza do Plantão Maria Izabel Pina Pieranti. Figuram como executados, além da FMS, o município de Niterói e o Estado do Rio de Janeiro.

De acordo com a magistrada “verifica-se que o risco de lesão irreversível é iminente, não havendo qualquer justificativa para a recusa dos entes públicos em atender à determinação.”

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Em outra decisão, do dia 29 de junho, a juíza Mirella Correia de Miranda, do 4º Juizado Especial de Fazenda Pública da Comarca de Niterói, estabeleceu multa de R$ 500 por hora, enquanto a transferência não for realizada. Na última sexta-feira (7), o juiz substituto do Juizado, Antonio Carlos Maisonnette Pereira, subiu a multa para R$ 1 mil.

Superbactéria

Além do problema cardíaco, que já é algo grave, Zélia ainda contraiu a superbactéria Proteus mirabilis. Eliane denunciou que a unidade de saúde não possui o medicamento Torgena. Ele é usado para tratar a infecção, e que custa entre R$ 10 e R$ 20 mil. A família precisou mobilizar amigos para conseguir custear o tratamento.

Hospital Municipal Carlos Tortelly, na Região Central de Niterói – Foto: Arquivo/Folha do Leste

Depois descobrimos que ela contraiu uma superbactéria hospitalar. Isso acontece em locais onde não há as medidas de controle sanitário adequadas. O que era para ser só a cirurgia, que já é algo complexo, passou a ter esse tratamento contra a superbactéria”, denunciou, criticando, também, a infraestrutura do hospital.

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Enfim, a reportagem da FOLHA DO LESTE perguntou ao Município de Niterói por que a transferência ainda não foi realizada, mesmo havendo determinação judicial. Bem como, também foi questionado o motivo para o medicamento Torgena não ter sido disponibilizado.

O que diz a Prefeitura de Niterói

A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói afirmou a paciente está regulada, aguardando liberação da vaga pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e que a equipe do Hospital Municipal Carlos Tortelly está empenhada em conseguir a transferência e mantém a assistência necessária neste período. Em relação ao medicamento, disse o Município, que a compra está sendo efetuada, considerando que o antibiótico não faz parte da Relação Municipal de Medicamentos (Remume).

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