A Câmara Municipal de Niterói aprovou, na última quarta-feira (28), Moção de Repúdio contra o major PM Abrahão Clímaco, coordenador da Operação Segurança Presente na cidade. A matéria, de autoria do vereador Andrigo de Carvalho (PDT), líder do governo no Poder Legislativo, acusa o policial de “envolvimento político-partidário em pré-campanhas eleitorais”.
Votaram a favor da proposta os vereadores Anderson Pipico (PT), Benny Briolly (PSol), Beto da Pipa (MDB), Casota (PSDB), Dado (Cidadania), Dr. Paulo Velasco (Avante), Leandro Portugal (PV), Leonardo Giordano (PCdoB) e Professor Túlio (PSol).
Desde a última sexta-feira (23), os ânimos estão exaltados entre autoridades de segurança e políticos de Niterói, quando o porteiro do Colégio MV1, Sebastião Lair Hipólito foi assassinado, em Icaraí.
“Leia mais notícias sobre Niterói aqui”
O prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT) e o secretário Executivo, Rodrigo Neves, criticaram a eficácia do Segurança Presente após o Governo do Estado assumir a gestão do programa, em 2021. Vereadores de diversos espectros políticos também se manifestaram. Por sua vez, em suas redes sociais, Clímaco afirmou ter recebido as críticas “com grande indignação”.
Contudo, conforme diz a Moção, o estopim do caso teria sido a relação de proximidade do militar com o deputado federal e pré-candidato à prefeitura de Niterói, Carlos Jordy (PL).
“A Câmara Municipal de Niterói repudia a politização do Programa Segurança Presente na cidade e o ilegal envolvimento político-partidário de seu atual coordenador, oficial da ativa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), com pré-campanhas eleitorais em Niterói. Tal comportamento é um flagrante e absurdo desrespeito ao Estatuto da PMERJ”, diz parte da moção.
Em suas redes sociais, Clímaco chegou a publicar uma foto ao lado do político, na mesma data da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, que trata dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Nesta ocasião, um dos alvos dos mandados de busca e apreensão se tratava de Carlos Jordy. Todavia, ao menos na data desta reportagem, a citada publicação não estava mais disponível na conta do Instagram do major Clímaco.
Major se defende
Após a aprovação da Moção, o coordenador do Segurança Presente Niterói se defendeu. Ele pediu desculpas pelas publicações que fez, nas quais citou autoridades municipais. Clímaco evitou entrar no mérito da Moção e afirmou ter agido para defender o trabalho da Operação Segurança Presente.
“Quero pedir desculpas aos cidadãos niteroienses que acompanham meu trabalho pelo ato impulsivo, mas é que realmente me senti injustiçado pela gravidade da acusação. Estamos em ano Político, meus comandantes não acharam a fala condizente e adequada com a função que tenho, mas entenderam e me orientaram a sempre responder no dia seguinte de forma mais técnica”, afirmou o policial.
Repercussão política no estado do RJ
O entrevero entre Clímaco e autoridades do município repercutiu dentro e fora da esfera política. Apoiadores do major à frente do Segurança Presente criaram um abaixo-assinado virtual pedindo a permanência do policial á frente da população, no qual afirmam que ele está sendo alvo de “perseguição”. Até a tarde desta quinta-feira, 256 pessoas já haviam assinado.
“O bom policial, como o major, sabe quem é o criminoso. Ele apenas refutou com veemência. Rodrigo Neves juntou sua turma e fez uma moção. Estamos protocolando duas moções. Uma de congratulações ao major Clímaco e outra de repúdio a mais um gesto lamentável, repudiando a ação nobre do coordenador do Segurança Presente em Niterói”, disse Rodrigo Amorim.
Já Carlos Minc (PSD), ponderou que o major não deveria ser alvo de uma Moção de Repúdio por uma questão política. No entanto, o deputado estadual saiu em defesa do prefeito Axel Grael, a quem classificou como “uma pessoa corretíssima”. Historicamente, Minc sempre pertenceu a uma corrente ideológica oposta aos parlamentares citados anteriormente.
“Foi uma questão mais ligada à política que ao desempenho. Isto não deveria ser objeto. Um serviço deveria ser julgado pelo seu resultado. Houve uma instrumentalização. Conheço há muitos anos o prefeito de Niterói. Quando fui secretário do meio Ambiente, o Axel Grael era presidente da Feema. Uma pessoa corretíssima, de uma família que preza o esporte”, pontuou.