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BBB 24: O alarmante eco da misoginia em 2024

Reprodução TV Globo

Estamos em 2024, e a persistência de comentários misóginos, exemplificados por participantes do BBB 24, destaca a necessidade de compreensão da misoginia como um fenômeno enraizado historicamente, refletindo em estruturas de poder e impactando fisicamente e emocionalmente.

Convidamos a psicóloga, Dra. Carla Abreu, para explorar a misoginia como possível transtorno psíquico, destacando a complexidade entre o medo e a necessidade de amor relacionados a experiências passadas.

A psicologia desempenha papel crucial na compreensão desses padrões, buscando romper com a histórica subordinação e violência contra a mulher, conforme Simone de Beauvoir (2016) aponta.

A Dra. Abreu ressalta que a misoginia é parte de uma construção social desde as primeiras organizações humanas, perpetuando a desigualdade de gênero, exigindo uma abordagem multifacetada para sua compreensão e enfrentamento.

Dra. Carla Abreu, psicóloga da Santa Casa de São José dos Campos

E em pleno 2024, ainda precisamos lidar com comentários misóginos, machistas, e muitas vezes até cruéis a respeito do corpo feminino. Nas últimas semanas, levantou-se a pauta sobre a forma como homens lidam e se comportam diante de mulheres bonitas, e ficou mais evidente o assunto, após participantes do BBB 24, comentarem de forma pejorativa sobre o corpo de uma participante mulher, a qual já foi muito elogiada por sua beleza.

Yasmim Brunet recebeu críticas ao seu corpo e idade. Segundo os homens da casa, ela está mais “velha e descuidada” Reprodução TV Globo.

O grupo de homens envolvidos, uniram-se para falar como o corpo daquela mulher era “velha”, “descuidada”, entre outros termos. A Misoginia, em linhas gerais, é o sentimento de ódio, aversão e repulsa à figura feminina.
O termo vem das palavras gregas “miseó”, que se traduz “ódio”, e “gyné”, que significa “mulher”. E aí vem a pergunta, seriam estes homens, participantes do BBB, entre outros, com este mesmo pensamento e comportamento, misóginos?
Seria muito delicado, especificar cada comportamento e posicionamentos, por estas pessoas, uma vez que, assistimos uma “foto do vídeo” e precisaríamos debater muito mais, para chegarmos a uma conclusão certeira, bem como fazemos quando vamos fechar um diagnóstico: é necessário avaliar muitas vertentes, em diversos ângulos e em um determinado tempo.
Assim, diante do tema supracitado, evidenciamos que para psicologia podemos afirmar o seguinte: a situação das mulheres no Brasil é fruto de uma construção colonialista, e se mantém como estrutura de poder e tem consequências físicas e emocionais importantes.

Rodriguinho foi um dos participantes que comentaram sobre o corpo e “descuido” da Yasmim. Mesmo nitidamente fora de forma e com 45 anos, ele se sentiu à vontade para falar sobre o assunto. Reprodução TV Globo.

E como lidar e compreender melhor tal termo?
A misoginia também pode ser definida como um transtorno psíquico, onde o misógino está envolvido num conflito entre a necessidade do amor de uma mulher e o medo profundo e arraigado das mulheres.
Suas necessidades de intimidade com uma mulher estão misturadas com o medo de que ela possa aniquilá-lo emocionalmente, como foi em sua história pregressa. Suas experiências infantis podem gerar esse medo latente e inconsciente.

Nizam foi outro participante que estava no quarto e também fez comentários sobre o corpo de Yasmim. Ele tem se mostrado manipulador e distorce informações em benefício próprio. Reprodução TV Globo.

A maneira como os pais se relacionam entre si e com os filhos poderia gerar o comportamento misógino. Para psicologia, pode-se afirmar que a misoginia e as suas consequências são parte de um processo construído historicamente e que os problemas por ela ocasionados, além de terem contextos bastante amplos, também influenciam no avanço das transformações dos que buscam romper com esta construção histórica de subordinação e de violência contra a mulher.
Beauvoir (2016) robustece esta argumentação ao dizer que, desde as primeiras organizações sociais humanas, já é possível detectar que a divisão social do trabalho entre homens e mulheres, nas funções produtivas e reprodutivas, é um dos fatores que corroboram para o processo de subordinação da mulher em detrimento do homem, uma vez que no processo de divisão social do trabalho e das funções cabia aos homens, como principal atividade, o trabalho produtivo (caça, pesca, entre outras atividades) e, por outro lado, tocava às mulheres o trabalho doméstico que, além de distanciá-la do trabalho produtivo, conduzia-a ao distanciamento das atuações públicas. Desse modo, pode-se dizer que inicia aí a desigualdade entre os gêneros.

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