A celebração dos 450 anos de Niterói teve continuidade no desfile das escolas de samba de Niterói, com a Balanço do Fonseca. Mas a primeira escola a desfilar pelo Grupo C no sambódromo do Caminho Niemeyer, fez um desfile apenas razoável, para a temática proposta, cuja realização ficou muito abaixo da concepção do enredo “Balanço conta e canta: Niterói, 450 anos de História”.
Deu Show
O Balanço do Fonseca se destacou positivamente em dois quesitos: Comissão de Frente e Mestre-Sala e Porta Bandeira. Eles asseguraram um belo início de desfile para a agremiação. Outro ponto positivo: a beleza do carro abre-alas, com o Museu de Arte Contemporânea ao seu fundo.
Ficou devendo
Considerando que o espetáculo não acontece sem samba, neste quesito a escola pecou. Tanto pelo excesso de elementos descritivos em sua letra – não traduzidos em suas fantasias e alegorias, bem como pela simplicidade de sua melodia, com pouca criatividade.
Além disso, o carro de som da escola, com vozes desencontradas e semitonadas, e instrumentos de corda fora de afinação, prejudicaram bastante o visível esforço da agremiação em realizar o seu desfile. Principalmente, a bateria, cujo desafio maior era o de se encontrar com o canto irregular.
Beleza e Luxo
Havia beleza, bom gosto e até mesmo requinte e riqueza nas fantasias e alegorias. Porém, faltava empolgação nos componentes. A escola do Santo Cristo, comunidade onde o samba ferve, pecou por excesso. O que é lamentável para um lugar com muitos desfilantes em diversas agremiações da região que desfilam no Rio de Janeiro. Sem contar o grande contingente que frequenta as quadras das escolas de samba na pré-temporada carnavalesca.
Detalhes do samba
O samba do Balanço do Fonseca descreve o índio protetor Cobra Feroz – Arariboia – e sua tribo Temininó. Ressalta a sua aliança com portugueses na luta contra para expulsar os franceses da Guanabara. Cita, igualmente, a sesmaria cedida à Arariboia. Menciona as belezas da região, sob um olhar paradisíaco. Relata a evolução da aldeia a Vila Real, o orgulho do niteroiense, e a alcunha de cidade sorriso. Adiante, passa a descrever a cidade como uma fonte de riquezas e conquistas sociais, citando seus campos, praias, a ponte Rio-Niterói, o MAC como Museu dos Sonhos.
Menciona Ismael Silva e Bia Bedran como expoentes culturais, e exalta o povo “acostumado a vencer”. Ou seja, muita informação para poucos recursos.
Crítica construtiva
Quando olhamos para o desfile, e não reconhecemos tais elementos na pista, o sentimento é de que a história ficou restrita à letra do samba, embora a pretensão de realizar a homenagem a cidade seja muito legítima. Ela não deixou de acontecer, pois o sentimento, mesmo que desafinado, ficou registrado. E a mensagem, para quem se esforçou, foi compreendida.
Nossa nota: 8,2