“Rio de Janeiro, cidade que nos seduz. De dia falta água, de noite falta luz”. A antiga marchinha de carnaval certamente pode se aplicar a todo o estado. Na última semana, a região Leste Fluminense ficou sem água devido à contaminação no sistema Imunana-Laranjal. Todavia, o caso está longe de ser algo isolado.
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), responsável pelas operações de captação e tratamento da estação que abastece a região, emitiu o aviso na quarta-feira (3). A água bruta, que seria destinada a cidades como Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e à Ilha de Paquetá estava contaminada por tolueno.
Apenas no final da noite de sexta-feira (5), a companhia retomou a captação e tratamento de água do Sistema Imunana-Laranjal. Segundo previsão da empresa, a produção da Estação de Tratamento de Água (ETA) deveria estar em 100% até às 6h da manhã de sábado (6). No entanto, até a última segunda-feira (9), havia relatos, nas redes sociais, de pessoas afirmando estarem sem água.
Adutora rompe e causa destruição
Em novembro do ano passado, uma adutora se rompeu e causou destruição em casas no bairro Prados Verdes, em Nova Iguaçu. A ocorrência resultou ainda na redução do fornecimento de água em municípios da Baixada Fluminense e em partes da Zona Norte do Rio de Janeiro. Imagens divulgadas nas redes sociais mostraram o momento exato do rompimento e a força da água, que alagou residências e destruiu muros.
Ruas também ficaram inundadas na região. Na ocasião, a concessionária Águas do Rio afirmou que estava trabalhando no reparo da tubulação e equipes de Responsabilidade Social prestaram apoio aos moradores afetados. O incidente ainda provocou o terceiro adiamento da manutenção anual do Sistema Guandu, operado pela Cedae.
Guandu interrompido
A interrupção de sistema não foi algo exclusivo do Imunana-Laranjal. Em Agosto de 2023, a Cedae interrompeu a operação na Estação de Tratamento de Água do Guandu após aparecimento de espuma branca. A medida, segundo a estatal, visava garantir a segurança hídrica da população, uma vez que a origem da substância era desconhecida. Essa estação é responsável por 80% do abastecimento de água potável da capital e Região Metropolitana.
A companhia retomou a operação horas depois, após técnicos da unidade confirmarem, por meio de monitoramento e análises laboratoriais, que não havia mais risco de alterações na qualidade da água tratada. A Cedae informou que a água com surfactante não foi, em momento algum, distribuída para a população. Assim que foi constatada a presença do composto na água, a captação foi interrompida, e a água que já estava no interior da estação foi descartada.
Alerj cobra explicações
Outro problema série no abastecimento aconteceu durante as fortes chuvas que atingiram o estado, nos dois primeiros meses do ano. A Comissão de Saneamento Ambiental, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), cobrou da concessionária Águas do Rio e da Cedae melhorias no fornecimento de água.
Devido às fortes chuvas que atingiram a região em janeiro, o alto volume de água fez com que não fosse possível realizar o tratamento de forma adequada. Dessa forma, apenas em São João de Meriti, houve 117 horas de interrupção do fornecimento, ao longo daquele mês. Por isso, o colegiado pediu a cada uma das empresas relatório para apurar se a Baixada Fluminense dispõe do mesmo volume de água fornecido à Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Naquele mês, a ETA Guandu chegou a operar com 46% de sua capacidade. Bairros da região e Zona Oeste sofreram com falta de água. Estima-se que mais de 20 localidades tenham enfrentado o problema, que também atingiu a cidade de Belford Roxo.