A população da Região Oceânica, que depende do atendimento na unidade de saúde de urgência Mário Monteiro, está revoltada com a falta de médicos na unidade. Nas redes sociais e em aplicativos de comunicação, há muitos relatos de demora a até mesmo de falta de atendimento.

No sábado (9), uma paciente, de 75 anos, em estado grave, teve atendimento recusado no Mário Monteiro. O motivo: não havia médicos. Funcionários do Mário Monteiro teriam sugerido aos familiares da idosa que ela fosse levada para a Policlínica Regional do Largo da Batalha. Lá, ela recebeu atendimento. Porém, constatada a gravidade de sua situação, e a necessidade de assistência médica de alta complexidade, seus familiares tiveram de levá-la para o Hospital Azevedo Lima, onde está internada por cardiopatia e aguarda a realização de cateterismo no Hospital Universitário Antônio Pedro.

Homem (de azul) relata óbito de amigo, enquanto família de idosa deixa unidade | Reprodução

Família revoltada

Tal situação revoltou os familiares da paciente. Em vídeo, enviado à redação do FOLHA DO LESTE, seu filho questiona o município pela falta de atendimento e cobra explicações, fundamentando sua revolta nos investimentos em eventos de entretenimento, diante do desalento da saúde pública. Inclusive, no mesmo vídeo, há uma acusação de morte por falta de médico no Mário Monteiro, não reconhecida pela prefeitura.

Saúde reconhece problemas

Diante disso, a secretaria de Saúde de Niterói, em nota enviada ao FOLHA DO LESTE, afirma que está havendo dificuldade na captação de médicos para atendimento de emergência no Mário Monteiro.

“A secretaria esclarece que, neste momento, há uma dificuldade na captação de médicos para atendimento de emergência na Unidade de Urgência Mário Monteiro, o que causa redução no número de profissionais em alguns plantões de final de semana”

Segundo a pasta, no domingo (10), a equipe do plantão estava completa. A Saúde esclareceu, ainda, que, atualmente a unidade conta com 11 pacientes internados. Nós perguntamos quais seriam os profissionais responsáveis pelo atendimento de rotina, mas não obtivemos resposta nesse sentido.

De igual forma, a Saúde esclarece, também, que não procede a informação de morte por falta de médico.

“O paciente já chegou em óbito na unidade”, afirma.

Explicações

A Saúde menciona, ainda, que as unidades de emergência do município estão com aumento na demanda. Em suma, alegam que isso está ocorrendo após mudança de perfil do atendimento de emergência do Hospital Estadual Azevedo Lima (HEAL). Nesse ínterim, nossa reportagem apura quais mudanças aconteceram no HEAL, com potencial de impactar no atendimento do Mário Monteiro.

Reestruturação da Saúde em Niterói

Anamaria Schneider, secretária de Saúde de Niterói e presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) | Divulgação

Em síntese, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informa que está realizando uma reestruturação em toda a rede de saúde. E que, para isso, realizou concurso público para a Fundação Municipal de Saúde (FMS). Desse modo, sustentam que apesar do processo inicialmente ofertar 410 vagas, houve a convocação de 951 aprovados.

“No total, considerando também o concurso da Fundação Estatal de Saúde, mais de 2,5 mil profissionais de saúde foram convocados pela Prefeitura”, dizem.

Além disso, citam resultados positivos obtidos em outras unidades de saúde, através da gestão por Organizações Sociais. E dizem que pretendem instalar tal modelo no Hospital Municipal Carlos Tortelly e na Unidade de Urgência Mário Monteiro. Para isso, falta apenas a licitação, que está em fase final

A exemplo do que já ocorre no Hospital Municipal Oceânico Gilson Cantarino e no Hospital Municipal Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, em que foram obtidos resultados importantes, como manter os índices de mortalidade e infecção hospitalar abaixo do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através de gestão compartilhada por OS, a SMS está ampliando esse modelo para o Hospital Municipal Carlos Tortelly e a Unidade de Urgência Mário Monteiro. O processo está em fase final de licitação, esclarecem.

Todavia, enquanto isso não acontece, resta-nos concluir que, entre o ideal e o possível, o atendimento no Mário Monteiro e no Carlos Tortelly seguirá funcionando de forma aleatória. Entretanto, torcemos para que a burocracia deste processo ocorra de forma célere, rogando a Deus por milagres durante esse tempo de espera.

Hospital Mário Monteiro – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói