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Olga Tessari: A psicologia no trágico caso extraconjugal gay, em Niterói

Niterói: Caso extraconjugal gay entre casados termina em morte e prisão

Era para ser mais um dos inúmeros casos de relação extraconjugal que segue pela vida afora, não fosse a ameaça do amante de expor publicamente essa relação, o que culminou no seu assassinato. E a pergunta que fica é: o que leva uma pessoa a decidir que matar seria a única solução para evitar que seu relacionamento extraconjugal se tornasse público? Seria o medo das consequências dessa revelação?

É fato que quem busca uma relação extraconjugal não está feliz em sua relação atual, geralmente desgastada por uma série de fatores. A princípio, todo caso extraconjugal costuma ser uma experiência extremamente prazerosa em todos os sentidos, trazendo paz, alegria, satisfação e bem-estar, algo que falta na relação conjugal, o que colabora para que ela nova relação se mantenha. E justamente por ser muito prazerosa, é comum que os parceiros queiram viver essa nova relação em toda a sua plenitude, de forma aberta, pública e, para isso, é preciso que ambos encerrem suas relações conjugais.

E é aqui que o problema se inicia porque nem sempre uma das partes quer colocar um ponto final em sua relação conjugal por medo de perder os bens acumulados, a convivência com os filhos, os amigos em comum, seu status e sabese lá mais o que. E então começa uma nova fase nessa relação extraconjugal porque a pressão e as cobranças para que ambos possam viver juntos e abertamente aumenta a cada dia. O medo de perder essa relação extraconjugal e tudo o que ela representa leva aquele que é pressionado a mentir, a enganar seu parceiro, fazendo-se de vítima e prometendo que vai encerrar a sua relação conjugal, justificando que é necessário ter um tempo para isso. Por outro lado, o medo se torna maior ainda quando essa nova relação é homossexual, algo que, infelizmente, ainda é cercado de muitos preconceitos e estigmas para um ser que se declara socialmente como heterossexual casado com uma mulher. Mesmo que ele queira terminar seu casamento, como assumir-se homossexual diante das pessoas com quem convive? O que elas vão pensar? Quais seriam as consequências dessa decisão?

Uma pessoa vivendo sob ameaças e pressões costuma apresentar um quadro de ansiedade elevada, o que a impede de raciocinar de forma adequada para tomar decisões porque sua mente é tomada por pensamentos negativos o tempo todo, o que a faz enxergar somente o pior dos cenários para a sua vida, caso sua relação extraconjugal seja revelada. E, como a situação não se resolve, a ansiedade vai se elevando cada vez mais diante do aumento das pressões, tornando-se um círculo vicioso sem fim, com a pessoa sendo dominada por seus medos. E, a depender da história de vida dessa pessoa, da forma como ela costuma resolver seus problemas, certamente ela vai agir de forma drástica e extremada diante dessa situação tão estressante.

Infelizmente, as pessoas não consideram procurar um psicólogo quando estão diante de conflitos que só trazem sofrimento, sem condições de avaliar as consequências das possíveis atitudes que possam vir a tomar e o que elas podem causar à sua vida dali para a frente.

Não temos o direito de tirar a vida de ninguém, essa é a verdade! Tomar a decisão radical e extremada de acabar com a vida do parceiro que o fazia feliz de alguma forma só revela o extremo desespero de que seu caso extraconjugal viesse à tona, embora seja possível enxergar muitas outras formas de evitar que o caso se tornasse público. Mas o medo das consequências dessa revelação falou mais alto, porque, infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade hipócrita que não consegue conceber que todos somos seres humanos e temos o direito de sermos felizes, cada um à sua maneira! Não cabe a ninguém julgar ou condenar a vida afetiva de alguém e as escolhas que cada um faz para si. Como se diz na Psicologia, cada caso é um caso!

O fato é que tudo aquilo que o pressionado mais temia aconteceu! Sua relação extraconjugal homossexual tornou-se pública, sua vida tornou-se um verdadeiro caos e, quando sua ansiedade voltar ao patamar normal, ele ainda vai sofrer muito com a culpa e o remorso de ter tirado a vida da pessoa que o fazia feliz.

OLGA TESSARI Psicóloga (CRP06/19571), formada pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisa e atua com novas abordagens da Psicologia Clínica, em busca de resultados rápidos, efetivos e eficazes, voltados para uma vida plena e feliz. Ama o que faz e segue estudando muito, com várias especializações na área. Consultora empresarial, atua na Gestão da Saúde Emocional para as empresas. Atendimento em emergências e catástrofes. Escritora, autora de 2 livros e coautora de muitos outros. Realiza cursos, palestras e workshops pelo Brasil inteiro e segue atendendo em seu consultório ou online adolescentes, adultos, pais, casais, idosos e famílias inteiras que buscam, junto com ela, caminhos para serem felizes! SITE: www.olgatessari.com – Redes sociais e Youtube: @olgatessari

 

 

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1 Comentário

  1. […] Segundo a psicóloga Olga Tessari, em artigo exclusivo para o FOLHA DO LESTE sobre este caso, uma pe… […]

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