
Justiça solta MC Poze do Rodo e impõe medidas cautelares | Reprodução/TV Globo
A Justiça do Rio de Janeiro libertou nesta segunda-feira (2) o funkeiro MC Poze do Rodo, preso temporariamente no dia 29 de maio. O habeas corpus foi concedido pelo desembargador Peterson Barroso, da Segunda Câmara Criminal, que considerou a prisão injustificada e repleta de excessos.
O cantor deixa o presídio de Bangu 3 após a decisão determinar que não havia fundamentos suficientes para mantê-lo detido. Segundo Barroso, não ficou demonstrada a necessidade da prisão para o andamento das investigações.
Na decisão, o magistrado fez críticas diretas à forma como a Polícia Civil conduziu a prisão. Poze teria sido algemado com uso desproporcional de força e exposto publicamente, o que, para o desembargador, caracteriza abuso. A prisão foi revogada e o cantor vai responder em liberdade, sob cumprimento de medidas cautelares.
Entre elas: comparecimento mensal em juízo, proibição de sair da Comarca, entrega do passaporte, e veto a contatos com investigados ou membros do Comando Vermelho.
Poze é libertado, mas segue investigado por apologia ao crime e suposta ligação com o tráfico de drogas. A Polícia Civil alega que o funkeiro se apresenta em áreas controladas pela facção e que suas músicas enaltecem o tráfico.
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Vídeos exibidos pelo RJ2 mostraram Poze se apresentando em baile funk na Cidade de Deus, cercado por homens armados com fuzis. A apresentação ocorreu dias antes da morte de um policial em operação na mesma comunidade.
Apesar disso, o desembargador destacou que o cantor já havia sido investigado por casos semelhantes e foi absolvido em duas instâncias. Para ele, “o alvo da Justiça deve ser o verdadeiro comando do crime, não um jovem que canta para sobreviver”.
Cantor deixa presídio, mas a repercussão do caso vai além do debate criminal. A defesa de Poze, representada por Fernando Henrique Cardoso Neves, afirma que o artista é vítima de perseguição cultural. Ele comparou a repressão ao funk com a antiga criminalização do samba.
“Essa é uma narrativa que exclui e marginaliza manifestações populares”, declarou o advogado.
Durante o ingresso no sistema prisional, Poze declarou vínculo com o Comando Vermelho no campo “ideologia” da ficha de triagem — procedimento padrão para alocar presos e evitar conflitos internos. Justiça solta funkeiro, mas a investigação continua.