Vicente Dattoli JEDDAH, Arábia Saudita
Vergonha é roubar e não levar. Talvez seja exagero usar esta frase para falar de futebol. Mas é a primeira coisa que vem à cabeça depois de ouvir Fernando Diniz falando sobre a semifinal contra o Al Ahly, do Egito. Tudo porque, em algum momento da coletiva, alguém falou sobre ser um vexame uma possível eliminação na Copa do Mundo de Clubes – lembrando que há 11 anos um time da América do Sul não é campeão e nos últimos anos nem à final o campeão da Libertadores chegou.
“O futebol vem mudando. O São Paulo poderia ter perdido; Internacional e Corinthians também. Para quem se concentra apenas no resultado, parece que é um vexame. Para mim, porém, vexame é o cara achar que é um vexame. As coisas poderiam acontecer de forma diferente”, explicou o treinador tricolor, repetindo que há “respeito máximo” ao adversário desta segunda-feira. Talvez em ato falho, até misturou um pouco suas palavras com a função de treinador da seleção brasileira.
“Vê como está a eliminatória no futebol sul-americano. No mundo inteiro. Esse time (Al Ahly) é extremamente competitivo. Não estamos pensando na final. Há um mês pensamos no Al Ittihad e no Al Ahly. Também mapeamos o Auckland City. Passando, aí sim pensaremos no próximo adversário. Eles vão exigir o nosso melhor”, ressaltou Fernando Diniz, que não quis entrar no mérito se o fato de o Fluminense estar em fim de temporada poderá ser prejudicial no rendimento da equipe.
“É uma resposta fácil de dar depois do resultado. Se ganha, não pesou. Se perde, vão falar que pesou. O que posso dizer é que chegamos em boas condições. O eventual cansaço da temporada será superado pela imensa vontade de vencer. Estamos de corpo e alma pelo Fluminense. É um sonho muito grande. Viemos de um feito histórico”, emocionou-se, lembrando “da simbiose” da equipe com a torcida, que estará presente no King Abdullah Sport City Stadium – infelizmente, em número bem menor do que a do Al Ahly.
Problemas
Enquanto ocorria a coletiva e, logo a seguir, o treino (o Fluminense abriu mão do reconhecimento do gramado, porque ninguém poderia bater bola ou calçar chuteira), alguns torcedores tiveram problemas na frente do hotel reservado para a delegação. A pequena aglomeração, seguida pelos tradicionais cânticos da galera, foi proibida pela polícia de Jeddah, que afastou a torcida para a esquina da rua onde fica o hotel. De início, chegou uma patrulhinha. Porém, como a galera não parecia muito disposta a atender os pedidos, logo vieram mais três. Por fim, aí sim todos tiveram de afastar-se da entrada do hotel.