
Foto: Divulgação.
O que era para ser apenas uma visita de férias tornou-se em moradia fixa. Mais do que isso. Marcou o início de uma era. Este é um resumo da história de Cida Bahiana, vendedora de acarajé famosa por quem frequenta o Campo de São Bento, em Icaraí, na Zona Sul de Niterói.
Nascida e criada em Salvador, Iracilda da Silva Diniz veio para o Rio em 1975, aos 20 anos de idade, passar férias na casa de uma tia e não voltou mais. Arranjou um emprego em uma empresa onde conheceu uma colega que também trabalhava na Feira de São Cristóvão, vendendo tênis nos finais de semana. Assim teve a ideia de montar uma barraca de comida baiana. O sucesso foi instantâneo e não demorou para que viesse uma irresistível proposta de sociedade. Na ocasião, abriu a Moenda – primeira casa de comida baiana em Niterói, localizada na antiga Rua Cel. Moreira César, também em Icaraí.
Celebrando o cinquentenário da mudança de vida, Cida foi além do Acarajé. Ela já trabalhou para a TV Globo como consultora em produções que abordavam aspectos culturais da Bahia. Além disso, tornou-se professora de Folclore pela Uerj. Carismática, Cida conta qual foi a inspiração para fazer do quitute um sucesso até hoje entre os clientes.
Usei as receitas da minha avó e criei as minhas. Virava a noite cozinhando. E ainda tomei muito banho de salsa para me dar sorte”, relembra ela.
Mudança para Niterói
No ano seguinte da chegada à capital fluminense, em 1976, Cida mudou-se para Niterói. Na ocasião a cidade perderá o status de capital do estado do Rio por causa da fusão com o recém-extinto estado da Guanabara.
Em um primeiro momento, ela até foi dona de um restaurante, o Xodó da Bahia, na Rua Coronel Gomes Machado, em 1978. Também foi proprietária do tabuleiro de doces na frente do Palácio dos Correios, ambos os locais no centro de Niterói.
Cida chegou ao Campo de São Bento na década de 1980, quando a feira ainda era pequena, dividindo-se entre a Cidade Sorriso e a capital, onde mantinha seus pontos de acarajé e doces típicos. Neste período, também teve uma boa parceria com a rede Paes Mendonça, com quiosque na unidade Barra e restaurante na unidade Ponte.
Aperfeiçoei meus conhecimentos pelo Senac, expandi os negócios, ganhei mais experiência e mantive o meu padrão de qualidade”, conta ela, que em Niterói casou e teve dois filhos, além de uma neta.
Reconhecimento histórico, artístico e televisivo
Em meio século de uma profissão reconhecida desde 2011 como patrimônio imaterial pelo Iphan, são também 28 anos de contrato com a TV Globo, responsável pela gastronomia de eventos e programas diversos da empresa, como o lançamento de algumas edições do Big Brother Brasil e o camarim do Pedro Bial, participações especiais no Domingão do Faustão, Mais Você, Criança Esperança, Vídeo Show e no Estação Globo, antigo programa de Ivete Sangalo – que se tornou sua amiga. Foi Cida Bahiana quem treinou atrizes que interpretaram papéis de baianas, como Giulia Gam em Dona Flor e Seus Dois Maridos, Juliana Paes em Gabriela e Thaís Araújo em Da Cor do Pecado.

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Professora de Folclore da Uerj no Museu Vivo, Cida lecionou nas primeiras turmas do curso de Gastronomia da Universidade Estácio da unidade Barra, na Zona Oeste carioca. A empresária e sua equipe estão presentes aos sábados e domingos no Campo de São Bento. Também é possível encontrá-la às quintas-feiras no Largo da Carioca e aos domingos na Praça do Ó, na Barra, entre os postos 2 e 3, ao lado da pista de skate. Para isso tudo, possui uma fábrica no centro de Niterói, com uma equipe de talentosos colaboradores.
Em rápido recesso do Campo desde o Natal, ela retorna no próximo dia 29 para comemorar o jubileu profissional entre os clientes amigos. Seu ponto fica após a Praça Paulo Gustavo, à esquerda de quem entra pela Avenida Roberto Silveira.
Niteroiense de coração, Cida Bahiana se declara apaixonada pela cidade que escolheu para viver. Ela afirma se sentir feliz na Cidade Sorriso, onde faz da alegria a própria marca registrada.
Não troco este lugar por nenhum outro. Amo e sou grata a Niterói pelas oportunidades que me deu. Aqui plantei um pedacinho da Bahia, construí minha carreira e ganhei reconhecimento”, exclama, apontando a hospitalidade como forte semelhança entre niteroienses e baianos.