O empobrecimento da imprensa, principalmente dos veículos de comunicação de natureza local, focados em assuntos municipais, ou de bairro, há tempos vem sofrendo com intimidações e ameaças. Muitas, não se concretizam (para nossa sorte). Outras, todavia, consumam-se. A morte de jornalistas tem como consequência não só a necessidade de se apurar o crime em si como também de garantir que outros não ocorram. Pois, não havendo a mínima garantia para o jornalista exercer sua função, a sociedade é a maior prejudicada.
O crime ocorrido em Maricá – até então impune – intimidou os jornalistas que permaneceram vivos em todo estado do Rio. Amedrontou muitos novos repórteres, pautados para qualquer assunto mais “espinhoso” relacionado à Maricá. Por quê? Simplesmente, medo de morrer, do mesmo modo que Robson Ferreira Giorno e Romário Barros.
Amedrontou, ainda, jornalistas que militam em outras cidades, repletas de conflitos políticos e interesses econômicos. Outrora, com o Estado Democrático de Direito em vigor, matar jornalista era algo que não ficava impune. Atualmente, infelizmente, há até quem comemore.
Portanto, decidimos colocar o dedo nesta ferida – mesmo sabendo que podemos ser vítimas da violência – para dar repercussão à prisão de um trio criminoso e, sobretudo, cruel, segundo a polícia.
Alicate
Vanessa da Matta Andrade, conhecida como “Vanessa Alicate”, é acusada de ser a mandante de uma série de assassinatos em 2019. Ao seu lado, dois parceiros sinistros: Rodrigo José Barbosa da Silva, o “Rodrigo Negão”, e o policial militar Davi de Souza Esteves, o “subtenente Davi”.
Os fatos estarrecedores vieram à tona em um relatório da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNSG), que investiga essas terríveis mortes em parceria com o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio (MPRJ).
Quem são esses suspeitos? Por que eles cometeram esses crimes brutais? Vamos desvendar todos os detalhes!
Vereador e filho executados
O primeiro caso em investigação é o duplo homicídio do vereador Ismael Breve de Marins e seu filho, o advogado Thiago André Marins. Os corpos foram encontrados em casa, no bairro Zacarias, em Maricá, no dia 22 de agosto de 2019. Segundo as autoridades, Vanessa não teria aceitado a redução da pensão que recebia de Thiago, seu ex-companheiro e pai de sua filha. Por vingança, ela teria encomendado o brutal assassinato do casal, com Rodrigo e Davi executando o crime.
Jornalistas
E as vítimas não param por aí. Os investigadores estão apurando o envolvimento dessa perigosa dupla em mais três assassinatos. Os jornalistas Robson Ferreira Giorno e Romário Barros foram brutalmente mortos em maio e junho de 2019, respectivamente. Além disso, Sidnei da Silva também teria sido vítima desses assassinos impiedosos, e segundo as investigações, Rodrigo teria agido por vingança após uma discussão com a ex-cunhada, esposa de Sidnei.
O relatório da polícia descreve Vanessa Alicate como uma pessoa de “péssima fama na localidade onde vive”. Ela trabalharia no Hospital municipal Dr. Ernesto Che Guevara, em Maricá, recebendo um salário de aproximadamente R$ 18 mil.
Miliciano
Já Rodrigo “Negão” é apontado como chefe de uma milícia que atua na região, comandando diversas favelas em parceria com traficantes locais.
O subtenente
O subtenente da Polícia Militar Davi Esteves, conhecido como “subtenente Davi”, é o parceiro fiel de Rodrigo. Segundo testemunhas, os dois estariam juntos no dia do duplo homicídio do vereador e seu filho, em um veículo Fiat Punto. Eles teriam até desabilitado as câmeras de monitoramento da prefeitura para apagar qualquer registro de sua passagem no local do crime. O carro acabou encontrado posteriormente, porém, dois anos depois do crime, terminou misteriosamente incendiado.
O modus operandi desse bando é tão chocante quanto seus crimes. Eles invadiam as residências das vítimas durante a madrugada, arrombando portas e pegando as vítimas desprevenidas enquanto dormiam. Execuções a sangue frio, com disparos de armas de fogo. Um verdadeiro terror implantado nas ruas de Maricá.
Agora, as autoridades prometem uma investigação minuciosa para levar esses assassinos à justiça. A população – e a imprensa – clamam por segurança e a punição desses criminosos que tiraram a vida de pessoas de forma tão brutal.
A cidade de Maricá deve estar em alerta máximo. Será que a polícia conseguirá trazer a paz de volta, em meio a tamanha violência? Só o tempo dirá. Seguiremos (vivos, esperamos) acompanhando cada novo desdobramento desse caso que choca a todos.