Washington Reis (MDB), secretário de Transportes do Rio de Janeiro, receberá convocação para comparecer à CPI na Alerj, mesmo durante o recesso parlamentar | Reprodução
O plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) explodiu nesta segunda-feira (30) durante a realização de Sessão Extraordinária pela manhã. Motivo: a falta de respeito do secretário estadual de Transportes, Washington Reis (MDB), com o parlamento. Como de costume, teve o respaldo do irmão, o deputado estadual Roserverg Reis, também do MDB. Diante do debate de dois requerimentos de convocação para comparecimento de Washington à Alerj, Roserverg que teve a audácia de dizer que recomendaria ao secretário que desobedecesse.
A resposta veio de forma imediata. Dos 60 deputados que votaram, 59 votaram a favor da convocação de Washington Reis para depor na CPI da Transparência, mesmo durante o recesso parlamentar, que começa em 3 de julho. O único voto contrário veio do próprio irmão, sob alegação de “antecipação do debate político-eleitoral no estado” e que faria pedido de “verificação de voto”.
Deputado Roserverg Reis tenta defender o irmão e enfrenta reação dos colegas | Reprodução/TV Alerj
Porém, o nepotismo do parlamentar não conteve o plenário. O presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União), direto ao ponto, determinou votação aberta, no painel eletrônico. Além disso, Bacelar disse que a família não respeita o parlamento, expondo a arrogância do clã político influente em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Presidente da Alerj confronta deputado do MDB e impõe respeito ao plenário | Reprodução/TV Alerj
“Acabou o tempo que seu irmão manda no Estado do Rio. Aqui, o buraco é mais embaixo”, falou Bacellar.
Poubel sugere condução coercitiva
O líder do PL na Alerj, Fillipe Poubel pediu a palavra para defender a condução coercitiva de Washington Reis, caso o secretário ignore a convocação da CPI. A comissão apura violações à Lei de Acesso à Informação. Poubel ainda relembrou escândalos ocorridos no Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro), subordinado à Washington Reis.
Líder do PL defende condução coercitiva após secretário ignorar repetidas convocações da Alerj
“É uma sacanagem o que acontece no Detro, desde a época do senhor Rogério Onofre, que assumiu receber dinheiro de empresas de ônibus. Não adianta dizer que não vem. Vamos aprovar a coercitiva”, afirmou Poubel.
O clima ficou ainda mais tenso quando o Professor Josemar, do Psol, disse não temer “capangas”, referindo-se ainda aos irmãos Reis como sucessores de Tenório Cavalcanti.
Duas convocações e um histórico de desrespeito
Apesar de Roserverg Reis dizer que aconselhará o irmão a não comparecer na Alerj, Washington Reis terá obrigado a prestar contas em duas frentes. Tanto na Comissão de Transportes, por iniciativa do deputado Professor Josemar (PSOL), bem como na CPI da Transparência, presidida por Allan Lopes (PL).
Entre os temas que exigem explicações, estão o preço da tarifa, o transporte alternativo e a fiscalização das concessões do transporte público no estado.
Segundo Bacellar, o secretário já foi convidado diversas vezes a comparecer à Alerj, mas jamais atendeu aos chamados. Para Luiz Paulo Corrêa da Rocha, um dos parlamentares mais experientes da Casa, o convite assim como a convocação, tratam-se de prerrogativas regimentais.
“Quem não deve, não teme, disse Luiz Paulo.
André Corrêa (Podemos) e Carlos Minc (PSB) lembraram que, quando secretários, atenderam a inúmeros convites e convocações.
Em resumo, o fato deixa a imagem de Washington Reis desgastada. Transformar a Secretaria de Transportes em território de blindagem e omissão, sustentado por um jogo de poder familiar não lhe trará nenhum bônus eleitoral em 2026. Ao invés de cavar trincheiras políticas, os irmãos podem estar cavando covas eleitorais.
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