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Traficante pode ser indiciado por terrorismo no Brasil | Reprodução
A investigação sobre o líder da facção Terceiro Comando Puro (TCP), Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, pode resultar no primeiro indiciamento por terrorismo no Brasil. Ele comanda o tráfico de drogas no Complexo de Israel, seu principal reduto na Zona Norte do Rio de Janeiro.
A Polícia Civil iniciou a investigação em outubro de 2024, após um tiroteio na Avenida Brasil resultar na morte de três pessoas inocentes. Na ocasião, criminosos teriam recebido ordens para disparar contra motoristas e passageiros, desviando a atenção de uma operação da Polícia Militar no Complexo de Israel.
Ações violentas mobilizam segurança pública
Na última quarta-feira, um novo episódio de violência ocorreu. Segundo o secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, “Peixão” planejava invadir a comunidade do Quitungo, em Brás de Pina, na Zona Norte, para ampliar a influência do TCP em território dominado pela facção rival Comando Vermelho (CV).
Para conter a ação criminosa, uma operação emergencial foi lançada, resultando em um intenso confronto. Durante a ação, a Avenida Brasil e a Linha Vermelha foram interditadas por mais de 30 minutos. Motoristas abandonaram seus veículos e procuraram abrigo entre os carros. O saldo foi de quatro feridos, sendo dois por estilhaços e dois alvejados por disparos.
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A violência atingiu também um helicóptero da PM, que foi alvo de disparos e precisou realizar um pouso forçado.
Relação com símbolos religiosos e intoleraância
O líder do TCP ficou conhecido pelo uso de símbolos religiosos em suas ações. Adepto da Estrela de Davi, ele é acusado de práticas de intoleraância contra religiões de matriz africana. Moradores relatam que ele expulsa praticantes dessas crenças de áreas sob seu controle e ordena depredações de centros religiosos.
A religiosidade também se reflete na identidade de sua quadrilha, autodenominada “Tropa do Arão”, uma referência a Arão, irmão de Moisés. O nome “Complexo de Israel” também teria inspiração religiosa.
Em julho de 2023, ele teria determinado a suspensão de atividades em igrejas católicas nos bairros de Brás de Pina e Parada de Lucas, na Zona Norte. Segundo moradores, homens armados visitaram paróquias para garantir o cumprimento da ordem. O governo estadual negou os fatos e afirmou que a PM assegura a segurança dos fiéis.
Possível indiciamento por terrorismo
A Lei nº 13.260 define terrorismo como atos motivados por xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando destinados a provocar terror social. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.
Contra “Peixão”, já há sete mandados de prisão por crimes como homicídio, tortura e tráfico de drogas, além de pelo menos 20 inquéritos em andamento. Seu nome está na lista de procurados da justiça e as autoridades intensificam os esforços para capturá-lo.