O I Congresso de Bioética do Rio de Janeiro abriu os debates para o evento nacional que será em Salvador, do dia 3 a 5 de julho. Profissionais do direito e da área da saúde levantaram casos e dilemas éticos sobre tratamentos para doenças terminais, medicamentos de alto custo necessários para manter a vida do paciente, conflitos de fim de vida, cultura e religião, dentre outras polêmicas delicadas que permeiam a vida de médicos, paciente e familiares que lidam com condições graves ou crônicas. A Secretária Estadual do Rio de Janeiro, Claudia Mello, que participou do debate de abertura, destacou a importância do evento para levar informações para profissionais e levantar debates sobre a bioética clínica.
Durante o evento, o presidente da Academia Brasileira de Bioética Clínica (ABBC), Josimário Silva, idealizador do evento, lançou seu 10° livro de título: Questões bioéticas e jurídicas nas transfusões sanguíneas em pacientes testemunhas de Jeová, assunto que permeou os debates na noite de abertura e na manhã seguinte. “Os grandes conflitos, em medicina, não são de ordem técnica, e sim, de ordem moral”, acrescentou Josimário em sua apresentação.
O evento contou também com a presença de empresários e membros do setor privado da saúde como diretor regional da Med Sênior, Carlos Lobbé, o diretor médico da a Solar Cuidados e Serviços em Saúde, Diego Arlotta, e o diretor do Hospital Américas Medical City, José Eduardo Couto, que fizeram questão de ressaltar que é preciso ter um olhar mais humano nas relações de planos de saúde, hospitais e indústrias farmacêuticas quando o assunto é a vida das pessoas, especialmente quando se trata de indivíduos fragilizadas como idosos, crianças e doentes crônicos.
O tema: Considerações bioéticas da Futilidade Médica será a diretriz do Congresso Nacional na Bahia, e foi abordado o conceito de Futilidade Médica, no terceiro dia de evento, com Mariana Magnus, médica hematologista e paliativista. ”É necessário levantar essa discussão de como proteger o paciente de um tratamento que não trará benefício, mas que pode trazer mais desgaste e prejuízo. O médico muitas vezes tem dificuldade de falar sobre a terminalidade e por isso indica novos tratamentos.”, disse Mariana em seu discurso. O tema também levantou a questão da relação da medicina com tecnologia e como usá-la da melhor forma possível na área da saúde. “Parece que sempre que se tem um tratamento disponível, ele terá que ser usado, como se fosse obrigatório, e é preciso discutir em qual contexto e se isso é proporcional ao quadro do paciente”, acrescenta a médica.
Objetivo da Academia
A Academia tem o objetivo de que a bioética clínica seja cada vez mais praticada dentro da medicina, e também que as leis e a sociedade , como um todo, se modifique e crie uma relação cada vez mais respeitosa com a vida. Ela busca fazer isso, com debates e, por isso, vem ampliando o alcance dos congressos, e também como o lançamento de pesquisas, livros e artigos. O do Rio de Janeiro contou com 140 pessoas inscritas, 24 temas e 1 livro lançado.
Em cada evento é lançada uma diretriz ética, além dos livros elaborados pelos novos acadêmicos egressos dos cursos de deliberação moral. O III Congresso Nacional de Bioética Clínica, que vai acontecer em Salvador, já lançou um programa preliminar com 25 temas. Será lançado outro livro, e o público estimado é de 400 pessoas. As inscrições, para o primeiro lote de ingressos, podem ser feitas até o dia 19 de maio, pelo site: https://www.even3.com.br/iii-congresso-nacional-da-academia-brasileira-de-bioetica-clinica-450110/.