
Foto: Nasa
O Telescópio Espacial James Webb celebra seu primeiro ano em operação com grande entusiasmo. Após meses nos quais foram divulgadas imagens deslumbrantes, os cientistas estão começando a compartilhar estudos que têm um impacto real na compreensão do universo. O Space Telescope Science Institute (STScI), responsável pelo gerenciamento do projeto em parceria com a NASA e outras instituições, já possui uma lista de 750 estudos realizados com dados e imagens capturados pelo James Webb. Além disso, têm sido feitos esforços para interpretar as novas descobertas proporcionadas pelo telescópio.
Entre os dois campos de pesquisa mais populares – a busca por vida fora da Terra e a compreensão das origens do Universo –, o segundo tem sido mais impactado até o momento. Uma das descobertas mais importantes foi realizada logo na primeira imagem capturada pelo telescópio, em 11 de julho de 2022: a imagem mais profunda já registrada do Universo. Conforme uma galáxia está mais distante, a imagem retratada é mais antiga devido à finitude da velocidade da luz. A imagem mais profunda capturada pelo James Webb tem 13,1 bilhões de anos, sendo considerada uma relíquia arqueológica cósmica, visto que o Universo teve início há 13,8 bilhões de anos.
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O James Webb foi projetado para enxergar a distâncias tão profundas em virtude de sua capacidade de captar luz infravermelha. À medida que a luz viaja do espaço ao nosso encontro, a expansão do Universo estica o comprimento das ondas de luz, reduzindo sua frequência. Dessa forma, quando se trata de astronomia, enxergar longe significa enxergar bem as cores do espectro vermelho e as “cores invisíveis” que estão abaixo dele. O Webb já começou a mapear a distribuição das galáxias nos primeiros dois bilhões de anos do Universo.
No entanto, o que se esperava encontrar nos confins do cosmos não está de acordo com as expectativas dos cientistas. Em um Universo inicial com maior concentração de matéria, era esperado que as galáxias competissem por espaço, resultando em colisões e interações com uma frequência muito maior do que se observa. Essa falta de colisões levanta questões e desafia os modelos teóricos da cosmologia.
O James Webb tem se destacado não apenas nas regiões mais distantes do cosmos, mas também na astrofísica de estrelas próximas, revelando detalhes a respeito da morte de estrelas como o Sol. Um exemplo disso foi a observação da nebulosa Anel do Sul, uma nuvem de gás e fragmentos ejetada por uma estrela que se apagou gradualmente. A análise dos dados coletados pelo Webb revelou que essa estrela não estava sozinha em sua morte, mas era, na verdade, um sistema binário de estrelas companheiras.
Além dos avanços na cosmologia e na astrofísica de estrelas, o James Webb promete revolucionar a busca por vida extraterrestre. O telescópio já identificou a presença de moléculas de carbono que sustentam a química orgânica ao redor de outra estrela. O grande desafio agora é encontrar substâncias como CO2 e metano em planetas específicos, uma meta que será perseguida nos próximos anos.
O desempenho excepcional do James Webb no primeiro ano de operação eleva as expectativas para o futuro. Seu potencial para desbravar o cosmos é imenso, abrindo caminho para descobertas ainda mais fascinantes e revolucionárias.