Às vésperas da Copa do Mundo feminina, que será realizada na Austrália e Nova Zelândia, a Fifa tem mudanças confirmadas em seu alto comando. A senegalesa Fatma Samoura irá deixar a secretaria-geral da entidade no fim do ano. “Foi a melhor decisão da minha vida ter trabalhado na Fifa. Tenho orgulho de ter liderado uma equipe tão diversificada”, afirmou Fatma, a primeira mulher negra, não europeia, a exercer tal função.
Há sete anos na função, Fatma recebia, em 2020, cerca de R$ 4,2 milhões por ano. E, de acordo com o presidente da Fifa, Gianni Infantino, ajudou na transformação da entidade, superando barreiras e, principalmente, auxiliando no aumento da credibilidade da Fifa. “Só tenho palavras de agradecimento ao presidente Infantino. Ele sempre demonstrou confiança e um nível de apoio incrível”, fez questão de frisar a secretaria-geral.
Fatma admitiu que não desejava dar esta notícia agora, mas as crescentes especulações sobre o seu trabalho a fizeram antecipar a decisão. “Estou totalmente focada no Mundial feminino, mas os comentários cresceram muito e decidi falar abertamente sobre minha decisão. Meu desejo era informar primeiramente aos membros do Conselho da Fifa, na próxima semana, mas não haverá problema algum com a antecipação”, esclareceu.
Além da valorização do futebol entre as mulheres (a Fifa pagará valores idênticos aos do Mundial masculino), Fatma foi responsável por tocar a total reestruturação da Fifa, nomeando dois secretários-gerais adjuntos, desenvolvendo a Divisão de Futebol Feminino e uma de Desenvolvimento Técnico. Antes da Fifa, Fatma trabalhara por mais de 20 anos nas Nações Unidas, onde pôde ver a força do futebol.
Sua experiência na ONU foi basicamente em países em guerra e onde havia falta de direitos para as mulheres (trabalhou em Camarões, Níger, Madagascar, Nigéria, Djibuti, Chade e Guiné). Neles percebeu como o futebol era muitas vezes o único instrumento de alegria para as pessoas. Uma linguagem universal para diminuir o sofrimento. “Agora vou passar mais tempo com minha família, mas me sinto honrada com tudo o que consegui”, afirmou Fatma.