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Santos é rebaixado no ano da morte de Pelé

Santos é rebaixado no ano da morte de Pelé

Foto: Neil Hall – Getty Images

Um casamento não termina na última briga. Mesmo porque, quando o casamento termina, as brigas costumam continuar. O mesmo se pode dizer sobre o que aconteceu com Santos e Botafogo no Campeonato Brasileiro que terminou na quarta-feira – e, para os dois times, continuará na memória por muito, muito tempo. Nem o Santos foi rebaixado na última rodada, nem o Botafogo perdeu o título na noite que encerrou a competição.

Santos e Botafogo fazem parte, vejam só, dos chamados anos dourados do futebol brasileiro. Tempos de craques que tinham apelidos e futebol, não cabelos descoloridos e nome-e-sobrenome como é moda atualmente – e sem futebol, é importante deixar claro. O Santos já teve um tal Pelé; o Botafogo, um Garrincha, que foi Galicho, mas essas são outras histórias que nem vale a pena recordar. Já ganharam muito, tudo! Como o futebol brasileiro.

O Santos chegou à última rodada correndo riscos de cair. Era, dos três ameaçados, porém, o que parecia mais tranquilo. Dependia só de si; jogava em casa, diante de sua torcida; e enfrentaria um time que não tinha mais nada a perder – ou ganhar – no Brasileiro. Ambiente perfeito para manter-se na primeira divisão. Repetindo, porém, o que já se escreveu, o Santos não caiu na última rodada. Veio caindo durante o Brasileiro. Durante os últimos anos.

O Botafogo fez um primeiro turno irretocável. Um segundo turno para esquecer. Qual o verdadeiro Botafogo? Sinceramente? Acho que o do segundo turno. Quando os adversários lembraram que precisavam disputar o Brasileiro, a Estrela Solitária virou estrela cadente e sumiu dos céus do bom futebol. Abandonou o primeiro lugar de 30 rodadas para se tornar motivo de deboche. Há coisas que só acontecem ao Botafogo, não é mesmo?

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Antes de perder para o Fortaleza, na Vila Belmiro, e ver decretada sua queda, o Santos fora goleado pelo Internacional. Um 7 a 1 (que resultado maldito, não?) que provocou, sabe-se lá como, uma reação que chegou a animar os torcedores. “Time grande não cai”, era a frase mais ouvida. Caiu! Deixou de ser grande? Bem, para os últimos dirigentes que por lá passaram, há tempos a administração é minúscula, quase invisível. E caiu.

A campanha do segundo turno do alvinegro carioca é indigna até para um time rebaixado. O que aconteceu? Talvez nem mesmo quem viveu as entranhas de General Severiano possa explicar. O título estava na mão. Houve quem tatuasse a conquista para eternizá-la. Fazer o que agora? Reclamar da arbitragem? Falar em armação? Com sinceridade, melhor deixar quieto e pensar que foi um pesadelo. E partir para outra, sem olhar no retrovisor – já li esta frase…

O Santos não caiu na última rodada. O Botafogo não perdeu o título (e a vaga na Libertadores) na última rodada. Como num casamento desfeito, Santos e Botafogo foram construindo suas quedas. Era um café da manhã sem manteiga; um almoço em família com críticas à comida da sogra; uma saída para festa com elogios à mulher do vizinho… Os casamentos de Botafogo e Santos não terminaram na última rodada, foram construídos, aos poucos. E terminaram.

 

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