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Os milagres operados por Deus para salvar a vida de 125.259 de animais na tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul estão sendo colocados à prova pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Ele lançou mão de um projeto cuja inspiração só pode ter emergido das trevas, cuja ideia ofende até mesmo a memória de Noé: pagar uma gorjeta de R$ 450 para quem adotar um desses pets.
Como se já não bastasse o desalento dos animais, apartados de seus tutores, bem como de seus contextos existenciais, eles ainda estão sujeitos ao desvario daqueles que pretendem fazê-los participar do circo dos horrores. Posando como mágico neste picadeiro, o governador tenta dar uma espécie de “solução final” ao que para ele hoje é um problema. Entretanto, ele mal sabe que sequer o papel de palhaço conseguiu fazer, pois seu projeto representa uma piada de extremo mau gosto.
Reações
Não me causou espanto a rápida reação de repulsa à ideia por vários ativistas de expressão. Assim como eu, Alexia Dechamps, Roberto Cabral, Luisa Mell e tantas outras ONGs e protetores de animais manifestamos repúdio a esse veneno desfaçado de antídoto.
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Primeiramente, precisamos lembrar o porquê de nossa existência, enquanto protetores e ativistas da LUTA ANIMAL. Somos a contraposição da histórica ausência de políticas públicas para estes seres que, embora sencientes, não falam o idioma do subterrâneo governamental. E esse “dejetês”, inadmissível até mesmo quando as questões humanas estão em pauta, somente se lembra do mundo animal para fazer dele um palanque.
Para que as pessoas possam ter a exata noção do que estamos contextualizando, sequer as baratas e demais insetos se atrevem a passar perto desse ambiente subterrâneo. Simplesmente, por nojo.
Com o crescimento de nosso engajamento, há, inclusive, quem tente ofuscar nosso protagonismo. Ou, em contrapartida, pegar carona no que já construímos de positivo. Isso, de forma reles, tão somente para lucrar eleitoralmente com o sofrimento animal.
Portanto, enfrentar a demagogia também é um desafio para nós. Tanto quanto a proteção daqueles que a irracionalidade de muitos é incapaz de compreender.
Governador Eduardo mal sabe que R$ 450 mal dá pro leite
“Nós queremos que todos estes animais tenham um lar, mas sabemos que muitas pessoas podem querer ter um animal, mas acabam não conseguindo dar os cuidados iniciais. Por isso, vamos encaminhar um projeto para a Assembleia Legislativa prevendo um incentivo financeiro que ajude a concretizar as adoções e garanta o encaminhamento dos animais resgatados para um lar”, destacou em nota o governador Eduardo Leite.
Principais críticas
1. Desinformação e Falta de Empatia: Os ativistas argumentam que a medida demonstra uma falta de compreensão profunda da questão da superpopulação animal e das necessidades desses animais.
2. Motivação Errada para Adoção: Oferecer dinheiro para adoção pode atrair pessoas que não têm interesse genuíno em cuidar dos animais, mas sim em obter o incentivo financeiro.
3. Sustentabilidade e Cuidado a Longo Prazo: A adoção deve ser baseada na capacidade e na vontade de cuidar dos animais a longo prazo. Incentivos financeiros não garantem que os adotantes estão preparados para essa responsabilidade.
4. Alternativas Melhores: Os ativistas sugerem que o governo deveria investir em campanhas de conscientização, programas de esterilização em massa e apoio a ONGs e abrigos, que são soluções mais sustentáveis e eficazes a longo prazo.
Essas críticas refletem a preocupação com o bem-estar dos animais e a eficácia das políticas públicas voltadas para essa questão.
Logo, esse se trata de um ponto crucial. Principalmente, porque levanta sérias preocupações sobre a proposta de incentivo financeiro para adoção de animais.
Riscos associados
1. Adoção Irresponsável: Muitas pessoas podem adotar apenas pelo dinheiro, sem considerar o compromisso e as despesas contínuas associadas ao cuidado adequado dos animais. Isso pode resultar em um aumento no abandono e maus-tratos, com animais sendo deixados à própria sorte ou em condições inadequadas.
2. Custos de Manutenção: Cuidar de um animal envolve, principalmente, custos. Logo, despesas veterinárias, alimentação, medicação e higiene se tratam de despesas significativas. Enfim, o valor de R$ 450,00 não cobre esses custos a longo prazo. Certamente, muitos adotantes podem não estar preparados para esse compromisso financeiro permanentemente.
3. Falta de Apego Emocional: Sem um vínculo emocional ou uma motivação genuína para a adoção, a medida abre espaço para o oportunismo. Nesse meio tempo, pessoas de má-fé travestidas de adotantes podem ver os animais como um meio para obter dinheiro fácil, e não como membros da família. Em outras palavras, isso pode levar a um aumento do abandono e do tratamento negligente.
4. Destinação da Verba: A verba poderia ser mais efetivamente utilizada se direcionada para protetores e abrigos, que já têm experiência e infraestrutura para cuidar dos animais. Esses recursos poderiam financiar programas de esterilização, cuidados médicos, campanhas de adoção responsáveis e educação pública sobre a posse responsável de animais.
5. Participação dos Protetores e Abrigos: Protetores e abrigos têm um papel crucial e deveriam ser incluídos no planejamento e na implementação de políticas de bem-estar animal. Eles podem ajudar a garantir que as adoções aconteçam de maneira responsável e que, acima de tudo, os animais tenham como nova morada lares de tutores preparados e comprometidos.
Ouça-nos!
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Em resumo, uma abordagem mais sensata e sustentável seria utilizar os recursos disponíveis para fortalecer as infraestruturas já existentes. Por exemplo, abrigos e organizações de proteção animal. Assim sendo, estaria promovendo a adoção responsável através de programas de educação e apoio contínuo aos adotantes.