Rio de Janeiro: PF investiga crimes de crimes de ódio na internet e põe “Operação Rebanho” na rua

Viatura da PF no Engenho Novo, participa da “Operação Rebanho”, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em operação que investiga crimes de crimes de ódio na internet | Divulgação
Do Rio de Janeiro/RJ, Angélica Carvalho, repórter — O enfrentamento aos crimes de ódio praticados por meio da internet ganha novo capítulo, nesta quarta-feira (19), com a deflagração da Operação Rebanho pela Polícia Federal —PF, na capital fluminense. Nesta manhã, policiais da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos — DELECIBER, cumpriram mandado de busca e apreensão da 2ª Vara Federal Criminal do Rio.
A ação ocorreu em uma residência, no Engenho Novo, na Zona Norte carioca. Conforme informações da PF, esta ofensiva tem como base investigação iniciada em 2024 pelo Ministério Público Federal em São Paulo — MPSP.
No curso dessa investigação, agentes do MPSP identificaram, inicialmente, diversos ataques contra mulheres. Sobretudo, com mensagens de caráter discriminatório e misóginos. Além disso, sem o menor pudor de estar em uma rede social aberta, o criminoso ainda teria feito publicações com apologia ao nazismo.
Porém, cruzamentos técnicos realizados através de tecnologia de rastreio digital revelaram o suposto autor das mensagens. Logo, o endereço se trata do local onde os agentes da PF cumpriram o mandado de busca autorizado pela Justiça.
Os policiais apreenderam dois celulares e um computador, que passarão por. perícia criminal. Principalmente, para mapear o histórico completo das publicações, identificar conexões e rastrear possíveis cúmplices. A apuração segue aberta, ao passo que pode desdobrar novos crimes além dos já investigados.
Mau uso da liberdade
O caso expõe um problema que está se tornando crônico e que vem desafiando a segurança pública: crimes virtuais. Geralmente, seus autores se tratam de jovens, com amplo acesso a ferramentas tecnológicas, mas que usam a liberdade de conectividade para espalhar misoginia, racismo e propaganda extremista.

Policiais federais durante cumprimento de mandado na Zona Norte
Para a PF, o conteúdo da investigação ultrapassou o nível de simples opinião e alcançou o patamar de atos previstos na Lei 7.716/89, conhecida como Lei Caó. Este diploma legal combate o ódio, o preconceito e as estruturas que alimentam discursos fascistas. A pena para cada um dos crimes é de 2 a 5 anos de reclusão, e multa.
Apologia ao nazismo cresce na internet
- Relatórios recentes da Polícia Federal (PF) e outras entidades apontam um aumento expressivo. Entre 2020 e 2024, o número de casos de apologia ao nazismo registrados pela PF aumentou 242%. Em uma janela de dez anos, o aumento chegou a 900%.
- Dados de 2025: Em outubro de 2025, os indiciamentos por apologia ao nazismo no Rio Grande do Sul já haviam superado o total de todo o ano de 2024 no estado.
- Proliferação online: Grande parte desse crescimento é atribuída à articulação e conexão de grupos em redes sociais e na internet, o que facilita a expansão de células neonazistas e a propagação de discursos de ódio. Denúncias de neonazismo na internet cresceram 60,7% em um ano, segundo a Safernet.
- Denúncia na ONU: O aumento de células neonazistas no Brasil, concentradas principalmente nas regiões Sul e Sudeste, gerou uma denúncia formal na Organização das Nações Unidas (ONU) em junho de 2025.



























