Reggae cala o samba sueco da treinadora Pia Foto: Thaís Magalhães/CBF
O sonho terminou. E de forma frustrante, logo na fase de grupos da Copa do Mundo. O Brasil esbarrou na forte defesa da Jamaica, ficou no 0 a 0 e está eliminado do Mundial feminino. Foi a terceira vez na história dos Mundiais que o Brasil caiu logo na primeira etapa. As duas primeiras aconteceram justamente nas duas primeiras Copas do Mundo, em 1991 e 1995. Desde então, até vice-campeãs mundiais conseguimos ser. Desta vez…
Precisava vencer
A seleção brasileira feminina de futebol entrou em campo contra a Jamaica sabendo que somente uma vitória impediria sua eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia. Sim, porque seria muita esperança pensar que o Panamá poderia derrotar a França e facilitar a nossa vida. Claro, não aconteceu. A França goleou (5 a 2), como era de se esperar, e cabia ao Brasil vencer a Jamaica. Ponto final.
Jogando pra cima de Martha
Com essa obrigação, a treinadora sueca Pia Sundhage pela primeira vez escalou Marta como titular. Mais: fez da rainha a capitã do time, aquela que tira o cara ou coroa, que entrega a flâmula comemorativa… Quis, tardiamente, mostrar às adversárias que o Brasil é aquele: de Marta, força ofensiva e bom futebol. E como o Brasil precisava de gols… Claro, também tinha a desculpa de “coloquei quem vocês queriam”. Não adiantou.
E não adiantou pelo esquema tático adotado, que fez Marta, por exemplo, aos 30 do segundo tempo, brigar por uma bola quase na bandeirinha de escanteio da defesa brasileira e correr tentando armar um contra-ataque. Dois minutos depois, totalmente exausta, seria substituída por Andressa, sem ter conseguido fazer uma só jogada importante – enquanto isso, Debinha, “artilheira” do período Pia, continuava em campo, inoperante.
A eliminação foi dura, cruel, mas um castigo talvez merecido a um time que não apresentou um futebol que desse esperanças ao torcedor – a goleada diante do Panamá, sinceramente, não conta. Assim, o reggae cala o samba sueco. Espera-se que, agora, a CBF ponha fim à era sueca no comando da seleção e que o fracasso dessa estrangeira não afete os pensamentos ligados à ala masculina. Uma coisa é uma coisa, e Pia não é Ancellotti.
Itália desbancada
Na madrugada, mais uma seleção garantiu sua vaga – uma, porque a Suécia já entrou em campo contra a Argentina classificada. E foi a África do Sul, que derrotou a Itália por 3 a 2 e passou às oitavas-de-final para enfrentar a forte seleção da Holanda. As suecas, que fecharam a fase de grupos com 100% de aproveitamento (derrotaram na última partida as argentinas por 2 a 0), enfrentarão os Estados Unidos, naquele que pode ser o grande confronto das oitavas.
Passionais como nós, brasileiros, os italianos buscavam explicações para a eliminação na primeira fase da Copa do Mundo. Lembraram, por exemplo, que quando o Campeonato Italiano era quase uma brincadeira a seleção conseguia melhores resultados – e traziam para as mulheres os maus exemplos que os homens têm dado quando se fala de Mundial. “Parece que as mulheres aprendem o que não devem com os homens”, comentaram alguns críticos.
