Prisão preventiva em debate: jovem absolvida morre após seis anos presa no RS

Prisão preventiva em debate: jovem absolvida morre após seis anos presa no RS | Reprodução
A morte de Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, em 26 de outubro, voltou a expor falhas graves no sistema prisional brasileiro. A jovem, absolvida em agosto após seis anos presa preventivamente, morreu vítima de câncer de colo do útero em estágio avançado. Ela cumpria prisão preventiva desde 2019, acusada de envolvimento em um homicídio no interior do Rio Grande do Sul.
Diagnóstico tardio e tratamento limitado
De acordo com a defesa, Damaris apresentava sintomas desde 2024, mas só foi diagnosticada em março de 2025, após ter acesso a consulta particular. Durante o período em que esteve presa, seus pedidos de prisão domiciliar foram negados três vezes pela Justiça. Somente após a confirmação da doença o benefício foi concedido.
Mesmo iniciando o tratamento oncológico, Damaris não resistiu e morreu em Santa Catarina, onde passou seus últimos meses ao lado da mãe. “Se o pedido tivesse sido aceito antes, ela poderia estar viva”, afirmou a advogada Rebeca Canabarro.
Histórico judicial
O caso que levou Damaris à prisão ocorreu em 2018, quando ela foi acusada de atrair a vítima, Daniel Gomes Soveral, até um ponto isolado em Salto do Jacuí (RS), onde o homem foi assassinado com um tiro. Em agosto de 2025, o júri absolveu Damaris e outro acusado, condenando apenas Henrique Kauê Gollmann pelo crime.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) confirmou ter analisado três pedidos de soltura. Segundo o órgão, os primeiros não apresentavam laudos médicos suficientes. No terceiro, diante do diagnóstico confirmado de neoplasia maligna do colo do útero, foi concedida a liberdade com monitoramento eletrônico.
Falhas no atendimento e apelos da defesa
A defesa afirma que Damaris buscou atendimento médico diversas vezes no presídio feminino de Rio Pardo, onde recebeu apenas analgésicos. A ausência de exames adequados teria atrasado o diagnóstico. “A história de Damaris é o retrato de um sistema que pune antes de julgar”, declarou Canabarro.
Após ser liberada, Damaris foi transferida para o Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, e depois para o Hospital São José, em Criciúma (SC). O tratamento incluiu sessões de quimioterapia e radioterapia, mas a doença já estava em estágio avançado.
Ela foi sepultada em Araranguá (SC) no dia 27 de outubro.
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