Camisa do Fluminense, um oásis no meio do deserto

Camisa do Fluminense, um oásis no meio do deserto | Vicente Dattoli/Folha do Leste
Direto de Doha, Vicente Dattoli, editor sênior e enviado especial ao Catar — “Ai meu Deus… Deixa eu tirar uma foto do lado dessa camisa linda…” Ouvir a frase, com direito a sotaque, em português, enquanto esperava a emissão da credencial, que tantos problemas dera até então, foi como enxergar um oásis no meio do deserto. Enquanto os confusos voluntários tentavam localizar meu salvo-conduto para os jogos da Copa do Mundo sub-17, tive a sensação de que as coisas estavam melhorando. E virei em direção à voz.
Era Thalita (perdoem leitores, mas não era uma entrevista, mas sim um encontro entre “novos velhos amigos” e não havia espaço para as burocracias do tipo nome completo, idade, profissão…), goiana de Cristalina, integrante da work force (força de trabalho) do Mundial.
O que chamou sua atenção? A camisa do Fluminense que eu usava. Quem acompanha o Folha do Leste sabe, pelo menos, desde o Mundial de Jeddah, em 2023, que sou tricolor.
No Rio, ou melhor, no Brasil, jamais utilizaria a camisa do meu clube do coração para trabalhar num estádio. Aprendi isso ao longo desses 40 anos de profissão. No exterior, porém, aprendi que essa identificação é importante. E quebra barreiras, aproxima pessoas, como no caso da simpática Thalita, que em poucos momentos contou que está em Doha desde 2021 (veio para a Copa de 2022), tem dois filhos, o marido também trabalha com eventos esportivos e…
“Temos uma boa quantidade de brasileiros aqui. Muitos começaram no Pan do Rio em 2007. Depois vieram Copa das Confederações, Copa do Mundo, Olimpíada… E reconheceram que sabemos trabalhar, então, acabamos convidados para outros eventos, fora do país”, falava, sem tempo de respirar, Thalita – ela parara de trabalhar para esse reencontro com a sua brasilidade. “Tenho contrato até dezembro, depois, não sei”, explicou, lembrando que tem um filho pequeno (são dois) e o marido continuará contratado.
Perguntei se pretendia ir para a Itália, para os Jogos Olímpicos de Inverno, em Milão/Cortina D’Ampezzo.
“Não… Eles estão pagando pouco. E aqui toda hora acontecem eventos esportivos. Por cinco anos, por exemplo, teremos essa Copa sub-17”, afirmou esperançosa, puxando pelo braço uma amiga também estrangeira. “Vê essa camisa linda?”, provocou. “Flamengo?”, disse a moça. “Não! Isso aqui é Fluminense, ‘the best team from Brazil’, sua boba”, respondeu provocante Thalita.
“Tem flamenguista aqui também, mas somos maioria. Você também encontra uns botafoguenses e uns paulistas”, comentou, antes da selfie que foi imediatamente enviada para o marido com o recado: “Olha que coisa linda aqui no centro de credenciamento… Encontrei um amigo tricolor”. E assim nos despedimos, sorridentes, pensando em como é bom encontrar um tricolor mundo afora…
+ MAIS NOTÍCIAS DE VICENTE DATTOLI? CLIQUE AQUI



























