Brasil no Mundial Sub-17: O sonho continua…

João Pedro brilha, Ruan Pablo se redime e Brasil despacha a França no Mundial Sub-17

De DOHA, Vicente Dattoli, enviado especial ao CATAR – Foi, sem dúvida, a melhor atuação do Brasil, até agora, no Mundial sub-17, em Doha. E seria uma injustiça não continuar, não conseguir a classificação às quartas-de-final. Só que no futebol não existe isso de justiça, injustiça…

A vaga veio, com muita emoção, após mais uma disputa de pênaltis. Foi 1 a 1 nos 90 minutos; 4 a 3 nos pênaltis – e com requintes de sofrimento: o Brasil perdeu um pênalti no tempo normal (Ruan Pablo), empatou aos 44 do segundo tempo e, nas cobranças, teve a vitória assegurada justamente por Ruan Pablo.

Escrito assim, parece que a classificação se deve à joia baiana, mas não. Se alguém merece, de novo, todos os elogios é o gigante João Pedro, que arrebentou, de novo, nas cobranças de pênaltis. O que esse menino, de 1,99m, demonstra na hora das chamadas “cobranças fatais” é algo inacreditável. Tranquilo, aproveita-se de sua envergadura para esperar até o último momento para deslocar-se. E se a cobrança vai no seu lado esquerdo, então… Normalmente é defesa.

Emoção

Voltando à partida… Foi emocionante. Há quem reclame do pênalti marcado contra o Brasil, mas é o tipo de lance que o árbitro pode dar ou não. E ele deu. Na cobrança, João Pedro defendeu, mas no rebote a França saiu na frente. A partir daí, só deu Brasil. E a França sentiu. Não conseguia sair jogando. Não marcar era uma injustiça, mas, como já se disse, esse sentimento de justiça, injustiça, é muito relativo no futebol.

As emoções poderiam ser menores se Ruan Pablo marcasse o seu pênalti aos 37 do segundo tempo, mas a trave impediu o empate, que só viria aos 44, com um chutaço de Pietro Tavares, que chamou a atenção até dos torcedores que estavam no campo ao lado – são jogos acontecendo simultaneamente e, de um, você consegue ver, mesmo de longe, o que rola ao lado. E com dois campeões do mundo se enfrentando, as atenções estão todas com o jogo que anuncia pênaltis.

A França começou errando. Ou melhor, começou com João Pedro defendendo. Poderia ficar mais fácil, mas Pietro Tavares, que marcara o empate, perdeu o seu.

A igualdade foi, então, até a última cobrança. O francês perdeu – ou melhor, João Pedro defendeu de novo (um detalhe para os supersticiosos: o cobrador é italiano naturalizado e usava a mesma camisa 17 que Baggio perdeu o pênalti em 1994). Aí, Ruan Pablo foi lá e redimiu-se, com uma bomba eliminou a França e mandou a zica para longe. Em suma, o sonho do título continua para o Brasil.