
Cantora Preta Gil morreu hoje por causa de um câncer no intestino e deixa o filho Francisco Gil; Gilberto Gil, pai da artista, ainda não comentou morte | Reprodução
Preta Gil morreu hoje, domingo (20), aos 50 anos, nos Estados Unidos. O mundo da música silenciou. A filha de Gilberto Gil travava uma batalha intensa contra um câncer de intestino desde janeiro de 2023. A cantora não resistiu a complicações de saúde enquanto se preparava para retornar ao Brasil.
Em maio deste ano, Preta viajou para Nova York, mas levava na bagagem sua esperança renovada. Apostava tudo em um novo tratamento, até porque já havia tentado alcançar a cura por meio de todos os protocolos disponíveis no Brasil. “Vou voltar curada, se Deus quiser”, disse, com fé inabalável. Contudo, o corpo, já fragilizado, não conseguiu acompanhar sua vontade de viver.

Cantora Preta Gil morreu hoje por causa de um câncer no intestino e deixa o filho Francisco Gil; Gilberto Gil, pai da artista, ainda não comentou morte | Créditos: Music2mynd Digital/commons.wikimedia.org
Preta teria sofrido um agravamento do seu quadro quando estava a caminho do aeroporto. Assim sento, uma ambulância, chamada com urgência, lhe prestou socorro. Todavia, Preta faleceu a caminho do hospital, sem conseguir embarcar de volta à terra natal.
Um corpo em guerra, uma alma gigante
Preta foi diagnosticada com câncer no reto no início de 2023. Descobriu o tumor após sofrer um sangramento intenso, que escorria por suas pernas, em casa e o choque veio de modo imediato. Os exames mostraram a gravidade da doença desde a primeira tomografia. Em contrapartida, no mesmo mês, ela iniciou a quimioterapia.
Durante o processo, passou a usar uma bolsa de colostomia, que retirou ao entrar em remissão. Mas a calmaria durou pouco ao passo que, em agosto, o câncer voltou, mais agressivo: metástases no peritônio, linfonodos e ureter.
Em dezembro, uma cirurgia de mais de 30 horas marcou a luta mais brutal de sua vida. A cantora teve o reto amputado e passou o réveillon no hospital, acompanhada pela esperança e pelo amor de sua família.
Palco, sangue e lágrimas
Preta passou 55 dias internada e reapareceu no programa Fantástico, abrindo sua intimidade com dignidade. Chorou e, ao mesmo tempo, fez o país chorar. Tal qual todos choram agora diante desta notícia.
No Carnaval de Salvador, mesmo frágil, fez questão de estar na sacada do Camarote 2222, ao lado da família. A alegria resistia. Em março, nova internação. Em abril, mesmo doente, emocionou o público ao cantar com o pai, Gilberto Gil, na turnê de despedida do artista.
Voz de fogo e coragem
Aos 29 anos, Preta Gil assumiu a própria voz, rompendo barreiras e preconceitos. Antes disso, trabalhou como publicitária e empresária. Tornou-se sócia da Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência do país.
Na música, eternizou sucessos como Sinais de Fogo e Vá Se Benzer. Era filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa. Um sangue que pulsava em forma de arte.
Legado de amor e resistência
Preta deixa o filho Francisco Gil, de 30 anos, fruto do relacionamento com o ator Otávio Müller. Ele integra o grupo Gilsons, mantendo viva a linhagem musical da família.
Mais que cantora, Preta Gil foi um símbolo e, ao mesmo tempo, corpo político. Mulher que enfrentou a gordofobia, o machismo e o câncer sem perder o brilho nos olhos. Sua história não termina hoje, pois passa a ecoar entre os acordes da eternidade.