Niterói 450

Presidente da Câmara de Niterói fala sobre os 450 anos da cidade

Dentre os 450 anos da histórica fundação de Niterói, a Câmara Municipal
ajudou a escrever importantes capítulos de suas páginas. Para detalhar a importância do Poder Legislativo na cidade, conversamos com o seu atual presidente, vereador Milton Cal (Progressistas).

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Milton Cal – Foto: Reprodução/Facebook


Ele está no exercício de seu sexto mandato e jamais deixou de ser reeleito,
desde 2001, quando tomou posse.


O edil, morador da Ilha da Conceição, aborda diversos temas importantes sobre a história de Niterói, e diz como vê o futuro da cidade. E fala da importância da Câmara, bem como dos enfrentados no cotidiano.


Por fim, Cal deixa sua mensagem para a população. Confira:

1) FOLHA DO LESTE: O que representa para o senhor, estar na presidência do Poder Legislativo de Niterói no transcurso de seu aniversário de 450 anos?

VEREADOR MILTON CAL Primeiramente, digo que ser presidente da Câmara Municipal de Niterói, em qualquer época, é uma honra. Pois trata-se de uma missão que, primeiro, depende da vontade do povo, e depois do
consenso da maioria dos nossos pares. Todos nós, vereadores, representamos
uma parcela do eleitorado, em sua pluralidade de pensamentos e ideologias.
Sempre trabalhei em harmonia com os demais vereadores, e contando com a
valorosa contribuição deles com a gestão do parlamento. E de portas abertas
para a sociedade.

2) FL – Mas sobre os 450 anos de aniversário de Niterói?

CALSim, a data é emblemática e histórica. Mas sempre faço questão de
ressaltar que estou presidente por vontade também de meus pares. Estar nessa Casa, quando a cidade completa 450 anos, já se torna uma honra. Presidi-la nos torna responsáveis pelo seu futuro, e por construir os caminhos necessários para que ela chegue aos 500 anos com muito mais pujança. Ainda sobre a data, trata-se da segunda oportunidade que a vida me dá de estar conectado com a história. Em 2019, eu estava na presidência na ocasião dos 200 anos de instalação da Câmara em Niterói, na antiga Vila Real da Praia Grande.

3) FL – Então, considerando que este se trata de um importante capítulo da história desses 450 anos de Niterói, o que o senhor poderia falar sobre tanto sobre a história como da importância da Câmara para a cidade?

CALEm 11 de agosto de 1819, Niterói deixa de ser conhecida como
São Lourenço dos Índios com a instalação da Vila Real da Praia Grande
mediante a criação da Câmara Municipal, presidida pelo Juiz de Fora José
Clemente Pereira. A primeira reunião aconteceu na casa de uma senhora chamada Elena Casemira, no local onde era o Hospital Santa Cruz. Há registros históricos de que algumas reuniões chegaram a acontecer na Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Trata-se, na verdade, da primeira célula do que vem a ser a atual organização político-administrativa de Niterói. O presidente da Câmara exercia, também, o papel do Executivo, na função
de prefeito, e do Judiciário, pois também se tratava de juiz de fora. A Câmara tinha apenas três vereadores, mas somente o presidente recebia remuneração.

4) FL – O senhor já conhecia bem essa história antes de ser vereador?


CAL
Em detalhes, não. E percebi que boa parte da população também
ignorava essa nossa história. E em razão disso, fizemos uma edição especial
do informativo “Câmara em Revista”, contando em detalhes a história da Câmara, que passa pela organização política e administrativa da cidade.

5) FL – É possível estabelecer algum comparativo com o esse passado remoto e o presente da Câmara?

CALSão contextos muito diferentes, mas os desafios não mudam de
tamanho. Por exemplo, naquele tempo, o juiz de fora, que acumulava executivo, legislativo e judiciário, tinha que ser nomeado pelo rei. Os mandatos duravam três anos e muitos vereadores abandonava, o cargo porque não recebiam salário. Era comum os suplentes assumirem. Só quase 10 anos depois da instalação da Câmara, que a Lei Orgânica acabou com o cargo de juiz de fora, e o vereador mais votado passava a exercer o cargo.
Mas os desafios são os mesmos: a população era menor, mas os desafios para desenvolver a cidade eram maiores. Em 1835, a cidade vira Nictheroy e passa a ser capital da província do Rio de Janeiro. Com isso, barcas a vapor começam a fazer a travessia entre Rio e Niterói, surgem a iluminação pública, e os transportes de bonde. Se naquele tempo o desafio era o de gerar desenvolvimento, hoje não
é diferente. Só que, além de gerar progresso, precisamos administrar o desenvolvimento da cidade.

6) FL – Olhando para o passado, quais são os desafios que o senhor
vislumbra daquela época?


CAL
Não precisamos voltar muito no tempo para saber o quanto serviços
como água e esgoto são desafiadores. Até os anos 2000, a Região Oceânica
não tinha água nem esgoto. Apenas um exemplo. Imagine como era abastecer
e coletar esgoto naquela época? Há registros de fossas, mas o comum era
o transporte feito por escravos e valas negras eram comuns. Outro grande problema daquele tempo: a limpeza. Tínhamos bondes puxados por tração animal. Imagine como era o descarte de lixo? Não havia aterro sanitário, não havia nada. A população crescia, mas a cidade tinha esses problemas. Portanto, os desafios sempre vão existir.

7) FL – Mas quais seriam os desafios atuais?

CALO exercício da moderação e da paciência tanto na sociedade como
na classe política. Os desafios existem, moramos todos na mesma cidade e ninguém pode acreditar ser da vontade de um agente político que a cidade piore, ou não cresça ou não evolua. Todos temos maneiras e modos diferentes de agir. Mas o ódio está inflamando demais as pessoas. Não é um desafio só de Niterói, mas de todo o planeta. Precisamos ser mais tolerantes, pacientes, benevolentes, fraternos, admitir erros, reconhecer acertos. A democracia abrange as diferenças e nelas precisamos achar os pontos de convergência em favor das pessoas que nós representamos.

8) FL – Niterói tem motivos para comemorar seus 450 anos? Qual mensagem o senhor deixa para a população?

CAL – Não faltam motivos para comemorar. Estamos celebrando 450 de história. Cada ano dessa história. Não se trata, somente, do ano de número 450. Todos temos problemas em nossas vidas. Mas quando chega o dia do nosso aniversário, as pessoas que nos amam, procuram festejar a nossa vida. É a renovação de um ciclo, mais um ano de existência. E os festejos são importantes para que a nossa população se sinta parte da história. Parabéns para todos que, com seu trabalho, espírito empreendedor e luta, ajudaram a construir cada dia da nossa amada ‘Cidade Sorriso’.

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