Quadra lotada na expectativa do anúncio que explodiu os portelenses | Reprodução Portela

Por Simone Canuto
Edição: André Freitas

A Portela escolheu, na madrugada arrepiante deste sábado (7), o samba-enredo com o qual pretende fazer sua águia voar na Marquês de Sapucaí no próximo carnaval.

A parceria campeã: Rafael Gigante, Vinícius Ferreira, Wanderley Monteiro, Bira, Jefferson Oliveira, Hélio Porto e André do Posto 7. O anúncio dos vencedores aconteceu na manhã vibrante deste sábado. A escola levará para a avenida o enredo “Um defeito de cor”, inspirado no romance incrível da escritora Ana Maria Gonçalves, e vai recriar os caminhos mágicos da história cativante da mãe Preta, Luíza Mahim.

Três parcerias chegaram à etapa decisiva da competição e cada uma teve 30 minutos para brilhar, sendo as duas primeiras apresentações sem bateria. As parcerias de Jorge do Batuke, Claudinho Oliveira, Zé Márcio Carvalho, Leko 7, Romeu D’Malandro, Silas Augusto e Araguaci; e de Samir Trindade, Valtinho Botafogo, Junior Falcão, Brian Ramos, Fabrício Sena, Deiny Leite e Paulo Lopita 77 arrasaram na final, mas foram deixadas de lado.

A Portela ainda trouxe uma novidade emocionante no processo de escolha do hino oficial para o próximo ano. Pela primeira vez na história, a imprensa pôde acompanhar de perto o desfecho eletrizante. Foram 30 votos no total, dados por segmentos e baluartes da Majestade do Samba. Além disso, os jornalistas também puderam participar da votação. Ou seja, do total de 30 votos contabilizados, um foi da imprensa, pela vontade de maioria dos jornalistas – a favor do samba campeão.

Por fim, o placar aclamado terminou com 24 votos para a parceria de Wanderley Monteiro – supercampeão. Dentre os vencidos, tivemos seis votos para a parceria de Samir Trindade, e nenhum voto para a de Jorge do Batuke.

Letra do Samba

O samba genuinamente preto
Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, oh! mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso dialeto
Omoduntê, vim do ventre do amor
Omoduntê, pois assim me batizou
Alma de Gege e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor
Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina Yemanjá

Salve a lua de Bennin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela!

Orayeye oxum, Kalunga!
É mão que acolhe outra mão, macumba!
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia é Malê!
Em cada prece, em cada sonho, nêga
Eu te sinto, nêga
Seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nêgo
Eu te cuido, nêgo cá de onde estou