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Polícia Federal faz operação contra deputados bolsonaristas Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcanti

Polícia Federal faz operação contra deputados bolsonaristas Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcanti

Com aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), Supremo Tribunal Federal expede mandados de busca a apreensão contra deputados bolsonaristas Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcanti, cumpridos durante operação da Polícia Federal nesta sexta-feira | Reprodução; e Lula Marques/Agência Brasil

Por André Freitas, de NITERÓI, às 23h55 — Operação da Polícia Federal (PF) mirou os deputados federais bolsonaristas Carlos Jordy e Sóstenes Cavalcanti, ambos do PL do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira (19). Contra eles, pesa a acusação de transações financeiras suspeitas que somam R$ 28,638 milhões em dinheiro público.

A movimentação do montante de recursos teria ocorrido, conforme relatos da PF, em contas de assessores parlamentares. A investigação, que corre no  Supremo Tribunal Federal (STF), apura suposto desvio de recursos das cotas de gabinete. Sobretudo, para financiar gastos pessoais. As diligências incluíram buscas pessoais, veiculares e em imóveis vinculados aos políticos. 

Na ação, os agentes cumpriram sete mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Flávio Dino, relator do caso na Suprema Corte. Nesse sentido, a Procuradoria-Geral da República opinou a favor da operação. Além disso, o ministro ainda levantou o sigilo do relatório parcial que embasou as buscas.

Galho Fraco encontra dinheiro vivo e forte

Dinheiro apreendido num endereço residencial do deputado Sóstenes Cavalcanti

Dinheiro apreendido num endereço residencial do deputado Sóstenes Cavalcanti | Reprodução/PF

Batizada de Galho Fraco, a operação resultou na apreensão de cerca de R$ 430 mil em dinheiro vivo em um dos endereços de Sóstenes Cavalcante. Atualmente, o parlamentar exerce a liderança do PL na Câmara dos Deputados, tendo Carlos Jordy como seu vice-líder.

As investigações apontam que os parlamentares utilizavam locadoras de veículos de fachada para simular contratos de prestação de serviços. De acordo com a PF, esse método permitia a conversão da verba oficial em recursos para uso privado, de forma ilegal.

Em contrapartida, Sóstenes Cavalcanti disse à imprensa que tem como provar a origem lícita do dinheiro encontrado. Falou que o valor corresponde a venda de um imóvel, em Minas Gerais, declarado à Receita Federal. Todavia, quando perguntado por jornalistas, não disse a quem vendeu.

“Dinheiro de corrupção não aparece lacrado, identificado e recolhido oficialmente na sua residência”, comentou

Reação de Carlos Jordy e base em Niterói

O deputado federal Carlos Jordy tem sua principal base eleitoral em Niterói, onde na última eleição disputou o cargo de prefeito, mas perdeu para Rodrigo Neves (PDT). Ele classificou a operação deflagrada contra ele como uma “perseguição implacável”.

Através de suas redes sociais, o parlamentar negou qualquer envolvimento em esquemas ilícitos e criticou a determinação judicial de Flávio Dino. Ainda assim, Jordy destacou que a operação ocorreu no dia do aniversário de sua filha. Ou seja, fez dessa data familiar um argumento para sua tese de motivação política por trás das buscas.

“Comigo, a única coisa que a Polícia Federal pegou foi, mais uma vez, mais um celular nessa busca e apreensão de uma trapalhada do senhor Flávio Dino. O PT tem um ministro pra chamar de seu e ele está fazendo aí sua vingança pessoal contra mim por eu ter sido sempre uma pessoa que denunciou todas as presepadas que ele fazia”, ponderou, entre outros questionamentos sem conexão com o caso em si e dizendo que o Brasil vive uma ‘democracia relativa’.

A Polícia Federal, por outro lado, sustenta que as evidências colhidas justificam a continuidade das apurações sobre o uso das verbas públicas. Agora, os agentes buscam agora cruzar os dados dos dispositivos eletrônicos apreendidos com os extratos bancários dos assessores sob suspeita.

Em nome dos princípios constitucionais da presunção da inocência, do devido processo legal e da ampla defesa, ninguém merece condenação sumária. Todavia, uma cifra de R$ 28 milhões em transações atípicas envolvendo dinheiro da cota parlamentar exige uma justificativa técnica perante a corte máxima da Justiça brasileira. Aliás, até mesmo no caso concreto de uso de acordo com as próprias finalidades.

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