Pedro tenta retomar o espaço perdido após longa lesão | Adriano Fontes/Flamengo
O corte de Pedro da lista final da primeira convocação do treinador Carlo Ancelotti para Seleção Brasileira, visando os jogos pelas rodadas 15 e 16 das Eliminatórias da Copa do Mundo surpreendem parte da torcida rubro-negra. Entretanto, vale dizer que tal a ausência vai além do sentimento passional do torcedor. Principalmente, quando nos deparamos com a escolha feita para a vaga de centroavante disputada por ele, cujo convocado foi Richarlison, do Totenham.
O atacante do Flamengo estava entre os 50 nomes da pré-lista da comissão técnica, ao lado de Igor Jesus, do Botafogo. No entanto, ambos ficaram de fora da relação final — e o critério para tal escolha ainda nos parece incrível.
Pedro, de 27 anos, participou da última Copa do Mundo — reserva justamente de Richarlison. Agora, tal qual o atacante do Totenham, ele vive agora uma fase de retomada após grave lesão. Enquanto Richarlison sofreu várias lesões entre agosto e fevereiro, Pedro teve uma ruptura no joelho esquerdo durante treino da Seleção, em setembro de 2024.
Ambos atletas somente voltaram aos gramados apenas em abril.
De lá para cá, Pedro atuou em 12 jogos, com cinco gols marcados e duas assistências — um desempenho expressivo para quem está ganhando ritmo. Por outro lado,
Na entrevista concedida à imprensa após o anúncio da convocação, em que o Folha do Leste compareceu presencialmente, Carlo Ancelotti disse não pôde convocar muitos jogadores em razão de contusão. Além disso, deixou a entender que não queria trabalhar com jogadores recém-recuperados. Diante disso, cabe-nos pelo menos refletir se não houve falta de critério para escolha de Richarlison em desfavor de Pedro.
Outra característica que Ancelotti destacou durante a entrevista está associada à personalidade dos atletas. Para entregar performance, o treinador precisa de jogadores engajados. Isso depende de motivação, caráter, garra, competitividade. Ele já dirigiu 54 jogadores brasileiros ao longo de sua trajetória com treinador, entre eles os pentacampeões Cafu, Kaka, Ronaldo, Rivaldo e Roberto Carlos.
E o “Pombo”
Com histórico recente de três lesões graves, o atacante atuou em apenas 15 partidas da Premier League na temporada 2024/2025, com quatro gols e uma assistência. Entre agosto e abril, ficou fora de ao menos 24 jogos por problemas físicos. Seu retorno efetivo aconteceu no último mês, quando participou de oito partidas — quatro como titular e quatro entrando no decorrer do jogo.
Richarlison, o “Pombo”, campeão olímpico em Tóquio 2020 e camisa 9 do Brasil na última Copa do Mundo, no Catar, está de volta à seleção brasileira pelas mãos de Carlo Ancelotti | Divulgação/CBF
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A decisão de chamar Richarlison, cujas condições físicas se assemelham às de Pedro, causa estranheza. Ainda mais quando se observa que outros nomes em boa forma física e performance, como Igor Jesus (Botafogo), Kaio Jorge (Cruzeiro) e Yuri Alberto (Corinthians) também foram preteridos.
Ancelotti trabalhou com Richarlison quando ambos estavam no Everton, clube do futebol inglês. Assim sendo, já conhece o jogador, personalidade, temperamento… E pode ter contado à favor de Richarlison — sobretudo sabedor de que estava na pré-lista — o momento de destaque recente na final da Liga Europa, vencida pelo Tottenham. A impressão é que esse jogo decisivo pode ter pesado mais que a análise da temporada inteira, apesar do “Pombo” só ter atuado por 65 minutos.
Pedro
Mesmo ainda voltando ao auge físico, Pedro oferece características que nenhum outro convocado possui: jogo aéreo, presença de área e finalização refinada. Em suma, trata-se de um camisa 9 clássico que poderia dar variedade ao ataque da Seleção.
A exclusão do seu nome talvez indique que o estilo de jogo mais técnico e posicional, ao menos para esses dois jogos, estejam em desvantagem frente a atacantes de maior mobilidade, ainda que menos eficientes.
Por fim, a justificativa da ausência de Pedro somente se sustenta caso Carlo Ancelotti entenda que ele seja tecnicamente inferior a Richarlison. Considerando o desempenho recente de ambos, pelo menos os números dizem o contrário.
