Musa pé-quente, cria do subúrbio carioca e nascida no samba. Estas são, resumidamente, algumas das características da musa da Viradouro Jamilly Marques, de 21 anos. No primeiro desfile pela Vermelho e Branco de Niterói ela fez parte do enredo vencedor do Carnaval Carioca de 2024.
O fato de integrar a escola do Barreto não significa, porém, que ela tenha estreado na Marquês de Sapucaí neste ano. Nascida e criada em Costa Barros, na Zona Norte Carioca, ela começou no samba com apenas sete anos de idade. E os primeiros passos no samba aconteceram na quadra da Império Serrano, em Madureira, também na Zona Norte.
“Meus pais sempre desfilavam na Portela e iam com frequência às feijoadas da Império também. Circulávamos em ambas as agremiações. Dos três filhos, apenas eu os acompanhava. Então, o amor vem de berço por Madureira”, relembra
Mas como uma cria do Império Serrano veio parar em Niterói? Ela explica que recebeu o convite para fazer parte do elenco “Virashow” depois que desfilou pela comissão da frente da Unidos da Ponte, dirigida por mestre Valci Pelé. Neste momento, a musa reconhece que houve um sentimento de amor à primeira vista. Além disso, Jamilly admite outra influência. A da própria assessora de imprensa.
Carol Veras, nome da assessora, é nascida e criada em Niterói. Ela também atua como empresária de modelos, trabalhando com Carol Portaluppi, modelo e influenciadora, conhecida por ser filha de Renato Gaúcho.
“Em outro momento a minha assessora e booker, a Carolzinha, grande amiga e viradourense fanática, sempre dizia que gostaria de me ver desfilando lá, mas eu pensava ser bem impossível, confesso (risos). Pela distância e por já desfilar no Império. Outro momento, foi admirando a Erika Januza, como rainha de bateria e a musa Bellinha Delfim, duas grandes referências”, admite.
OBSERVAÇÃO DA REPORTAGEM: Em contato com a Folha do Leste para fazer a reportagem, Carol não só confirmou a história como reconheceu ter “ficado fora de si” ao festejar o título. Nas conversas via WhatsApp, a voz da assessora estava completamente afônica.
Relação com a Império Serranos após o título pela Viradouro
Se alguém pensa que as celebrações com a Viradouro fizeram ela esquecer da Império Serrano, está enganado. Ela explica ter “para sempre” o respeito e amor pela agremiação de Madureira.
Inclusive, Jamilly acredita que a gestão da Viradouro, que consolidou-se no Grupo Especial desde 2020, pode servir de exemplo para a Império seguir no mesmo caminho.
“A Viradouro teve uma gestão na antiga Série A (atual Série Ouro), mas a atual administração liderou e fez a diferença com organização, planejamento e valorização à comunidade. A Império está passando pelo mesmo processo e eu espero que, não só Império, mas todas elas escolas, olhem para a Instituição Viradouro com um olhar de referência”, explicou.
Rotina além do samba
A fala bem colocada, com argumentações fortes, tem explicação. Jamilly cursa Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda. Também trabalha como modelo e é professora de samba no pé. Como fazer para dar conta de tudo? Ela explica a fórmula.
“São atividades intensas e que requer muito esforço. Então, para isso, tem que ter muita Capoeira Angolana, alimentação balanceada, descanso e firmeza no caminho. Mas, é claro, que a cafeína e o chocolate ajudam muito (risos). Brincadeiras à parte, tento regrar o meu sono e foco no propósito de todos esses esforços”, afirmou.
Sentindo-se em casa na escola niteroiense, a musa respondeu como, porventura, chamaria o salgado feito com massa e recheio de queijo e presunto, chamado em Niterói de italiano.
“(Gargalhadas). Respeito o italiano de Niterói, mas eu não perco as minhas raizes, Joelho, claro!”, afirmou sem medo de uma possível reprovação dos niteroienses, incluindo a própria assessora e o repórter autor desta reportagem.
Jamily volta à Avenida Marquês de Sapucaí na madrugada de sábado (17) para domingo (18) no Desfile das Campeãs. A Viradouro será a última a desfilar no Sambódromo.