Paris 2024: Questão de caráter | Gaspar Nóbrega/COB
E foi realizada a prova olímpica masculina do triatlo. Triatlo mesmo, sem tirar, nem por. E o brasileiro Miguel Hidalgo conquistou o 10º lugar, melhor colocação de um atleta do país na prova na história olímpica. Reação de Hidaldo? “Foi uma porcaria. Me preparei para tentar ganhar”, afirmou, rápido e rasteiro, pouco depois de cruzar a linha de chegada, mesmo com a informação do feito e toda a animação dos repórteres que queriam aquele oba-oba tradicional.
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Hidalgo faz parte de uma espécie de atleta em extinção. Aquele atleta que não está nos Jogos para visitar uma nova cidade, fazer selfies (coisas da modernidade) ou conseguir seguidores para suas redes sociais (outra modernidade). Nem para lamentar a falta de apoio. Ele, Hidalgo, vai para uma Olimpíada para buscar a vitória, quer contrariar o barão de Coubertin.
Para ele, competir é importante, mas não o mais importante.
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Enquanto alguns divulgadores de informação estão exaltando desempenhos medíocres, sempre com a máxima do “importante é estar aqui” (que é medianamente verdadeiro, dependendo do esporte), Hidalgo lembrou que sua vida não sofrerá qualquer alteração com a décima colocação. Se ganhasse uma medalha, sim – e poderia até ajudar no desenvolvimento do esporte no Brasil.
Ele esteve com uma medalha na mira até a última volta do atletismo, mas reconheceu que seu gás terminou. E este tipo de declaração humilde é muito rara, não há como não destacar. Se ele, Hidalgo, continuar com esse foco, certamente terá condições de reescrever sua história em Los Angeles, daqui a quatro anos. Espera-se que não caia na fácil cantilena tão adotada por outros companheiros.
Por falar em triatlo…
Como é normal acontecer, de quatro em quatro anos surgem especialistas em todos os esportes no Brasil. Acontece assim quando temos eleições; quando surge um novo pacote econômico; se o Papa visita… Sempre surgem os sabichões, que tudo conhecem e falam.
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Muito se falou da poluição do Sena. Eu mesmo escrevi sobre isso, mas já teve influenciador que, ao ver atleta chegando e colocando os bofes para fora logo após a linha de chegada afirmou que era devido ao alto nível de sujeira do rio.
Maldade.
Ou melhor, deveria ser a infecção mais rápida da história da humanidade.
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Não que não possa acontecer (aliás, dou aqui, de graça, uma pauta para os colegas: que tal pesquisarem, daqui a uma semana, pelo menos, se aqueles que nadaram no Sena pegaram uma hepatite, uma gastroenterite, ou coisa parecida?), mas demora um pouquinho.
Qualquer atleta, ou melhor, qualquer ser humano, quando submetido a um desgaste extremo, pode reagir desta forma. Quem sofre de cálculo renal, por exemplo, sabe que a dor provocada pela passagem da pedrinha provoca vômitos por causa da dor.
O Sena poderá ser culpado por muitas dores de barriga (talvez neste momento já tenhamos gente virando rei/rainha), mas não depois de uma duas horas, como comentaram…
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