Paralisia de Bell pode ser confundida com AVC
O problema enfrentado pela jornalista Fernanda Gentil costuma ser totalmente reversível quando o tratamento é iniciado rapidamente
A Paralisia Bell costuma ser confundida com o Acidente Vascular Cerebral (AVC), pois alguns sintomas são similares, porém as possíveis causas, recuperação e tratamentos são diferentes. A condição que acometeu a jornalista Fernanda Gentil pode ter causas metabólicas e infecciosas como diabetes, infecções de ouvido, mastoidites e até mesmo influenza. O principal sintoma é o enfraquecimento repentino ou paralisia dos músculos em um lado da face devido à disfunção do nervo facial.
Este nervo controla grande parte dos sentidos e funções dos órgãos da face, como a movimentação dos músculos faciais, estimula a salivação e as glândulas lacrimais, também é responsável por parte do paladar e controla um músculo que envolve a audição.
Causas
As causas podem ser diferentes, ligadas a uma infecção por bactérias, ou vírus que atingem o nervo facial, tais como o vírus do herpes simples ou zoster, e até mesmo uma gripe.
Estresse, fadiga extrema, mudanças bruscas de temperatura, baixa da imunidade, tumores e traumas, otite e outras doenças também estão envolvidos no aparecimento da Paralisia de Bell. “Qualquer problema que comprima o nervo facial, pode causar essa condição”, explica o neurocirurgião Orlando Maia, sócio fundador da rede Interneuro, no Rio de Janeiro.
Sintomas e diagnóstico da Paralisia de Bell
O médico explica que, como parte do rosto não responde aos comandos e fica relaxado, o paciente fica com dificuldade na fala, em sentir o gosto e mastigar algumas comidas. “Além disso, há uma salivação excessiva que pode levar o paciente a babar”, completa Orlando Maia. Outro sintoma comum é a dor na cabeça e atrás dos olhos. O paciente também pode apresentar ainda um ruído alto no ouvido causando desconforto, condição chamada de hiperacusia. “É possível diagnosticar pelo histórico do paciente e pelos sintomas, mas os exames, como uma tomografia e ressonância, que vão levar ao diagnóstico correto”, destaca o neurocirurgião.
Diferença entre AVC e a paralisia
A Paralisia de Bell possui tratamento e uma boa previsão de cura. Por outro lado, o AVC é uma condição com risco de morte e sequelas graves, portanto trata-se de uma emergência médica e a menor suspeita deve levar a um pronto socorro imediatamente.
Os sintomas do acidente vascular cerebral são súbitos e de início repentino e podem incluir perda de movimento, normalmente de um dos lados do corpo, ou de um dos lados da face; alguma alteração de fala; alterações na visão, comprometimento do equilíbrio, a pessoa pode ter dificuldade de se manter em pé, por exemplo. Existe também a possibilidade da perda da visão de um dos lados, ou dos dois lados ao mesmo tempo, que é mais incomum. “Os pacientes costumam confundir, mas algo que diferencia o derrame da paralisia, é que no caso do AVC todo um lado pode ficar paralisado, enquanto a paralisia de Bell afeta somente a face”, acrescenta o neurocirurgião Orlando Maia.
A paralisia facial acontece como reflexo de uma disfunção inflamatória do nervo responsável pelos movimentos dos músculos de uma metade do rosto. É aí que ela se difere do AVC, que ocorre quando há um entupimento ou rompimento de vasos que levam sangue ao cérebro.
Tratamentos da Paralisia de Bell
A maioria das pessoas com paralisia de Bell se recupera completamente, mas isso pode levar de três semanas até nove meses. Uma minoria de pessoas fica com sequelas ao longo da vida.
O início precoce do tratamento (de dois dias a três dias) encurta a duração dos sintomas e diminui as chances de sequelas. Os medicamentos que ajudam os pacientes são os corticóides, que reduzem o inchaço do nervo e melhoram as chances de recuperação completa.
Remédios antivirais também podem ser utilizados, mas em conjunto com esteróides, especialmente quando a fraqueza facial é grave.
O tratamento diminui muito as chances de uma paralisia definitiva, ameniza os sintomas e ajuda em uma recuperação mais rápida. Por exemplo, em casos mais sérios em que a pessoa não consegue fechar o olho, ela precisará usar colírios. Geralmente, são indicados corticóides para ajudar a desinchar o nervo. “O rosto costuma voltar aos movimentos e sentidos depois de algumas semanas”, acrescenta Orlando.
Em casos de paralisia definitiva, o botox pode ser uma boa alternativa para uma melhor simetria, ajudando em casos estéticos. Além disso, algo super importante para a recuperação é a fisioterapia,pois ela estimula os músculos também região de forma sensorial.