
Papa Leão XIV: conheça o norte-americano Robert Francis Prevost, o novo Pontífice da Igreja Católica | Vatican News
Ele não nasceu entre os cardeais. Nasceu entre os homens. Cresceu entre matemáticas e evangelhos. E depois de décadas servindo aos últimos, no Peru, tornou-se o primeiro Papa agostiniano da história. Agora, Leão XIV guia a Igreja sob o lema de Santo Agostinho: “In Illo uno unum” — “no Único, somos um só”.
Em um mundo onde a fé parecia dispersa, a fumaça branca trouxe uma resposta inesperada. Na varanda central da Basílica de São Pedro, um silêncio sagrado precedeu o anúncio:
“Habemus Papam: Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum Robertum Franciscum Prevost, qui sibi nomen imposuit Leão XIV.” Era a voz de Deus, soprando do norte das Américas.
Vida na América do Sul
Nascido em Chicago, em 14 de setembro de 1955, Robert Francis Prevost é filho de imigrantes e neto de muitas esperanças: franceses, italianos e espanhóis entrelaçados num mesmo sangue. Como Francisco, seu predecessor e mentor, também é americano — mas do outro extremo do continente. E como Bergoglio, também aprendeu a ver Cristo nas periferias. Foi no Peru, e não em Roma, que ele aprendeu a ser pastor de gente de verdade.

Robert Francis Prevost – Papa Leão XIV, agora novo Pontífice, realizou importante trabalho paroquial na América do Sul | Vatican News
Antes de ser Papa, foi menino de fé. Entrou ainda jovem para o Seminário Menor dos Padres Agostinianos. Estudou Matemática e Filosofia na Villanova University, fez Teologia em Chicago e Direito Canônico em Roma. Ordenado sacerdote em 1982, ele não escolheu o conforto das universidades nem o prestígio das cátedras.
Escolheu o deserto. Foi missionário no interior do Peru, onde o barro e a poeira moldam santos de carne e osso. Ali, em Trujillo, ele foi prior, formador, vigário judicial, professor e pároco. Mais que tudo, foi irmão.
“Cuidava de nossas feridas como quem reza”, lembra um morador local.
De 1985 a 1999, viveu entre os pobres como servo. Depois, guiou a ordem agostiniana como Prior Geral por 12 anos. Quando retornou aos Estados Unidos, já era um homem moldado pelo Evangelho encarnado na América Latina.
Robert Francis Prevost, o cardeal

O Papa Francisco cumprimenta o então Bispo Robert Francis Prevost, que viria a exercer atribuições de sua confiança e, agora, torna-se o novo Pontífice da Igreja Católica como Leão XIV | Vatican News
Francisco o fez bispo e depois o chamou a Roma como Prefeito do Dicastério para os Bispos. Ali, sob o peso da responsabilidade, Prevost revelou um perfil de escuta, prudência e firmeza. Tornou-se cardeal em setembro de 2023. Em fevereiro de 2025, já era um dos mais próximos colaboradores do Papa, com assento em quase todos os dicastérios da Cúria Romana.
Mas foi no último dia 3 de março, ao conduzir um rosário pela saúde de Francisco na Praça São Pedro, que os fiéis viram algo mais: um homem chorando discretamente por seu Papa, seu irmão, seu mestre.
Agora, a Igreja o acolhe como Leão XIV — nome ousado, que evoca firmeza doutrinal, mas também reconciliação. O novo Papa traz no coração a mística de Santo Agostinho, que acreditava numa Igreja una, mas feita de diferenças, de pecadores e santos convivendo sob a mesma graça.
Aos 69 anos, Leão XIV assume o trono de Pedro com os pés ainda sujos da terra andina. Um Papa para tempos difíceis, que sabe o que é caminhar com o povo, sem julgá-lo.
Por fim, um Papa que pode devolver ao mundo aquilo que Francisco iniciou: uma Igreja próxima, acolhedora, disposta a dialogar sem trair a Verdade. Porque, como dizia Santo Agostinho, “onde há caridade e amor, aí está Deus”. Assim sendo, nesta quinta-feira, o Espírito soprou de novo. Não de Roma, mas do sul do mundo.