Em um bate-papo descontraído comigo, André Freitas, para o Folha do Leste, o jornalista Carlos Gil, da Rede Globo, ponderou sobre o favoritismo da candidatura conjunta de Niterói, juntamente com o Rio de Janeiro, versus a pretensão de Assunção, capital do Paraguai, para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031. Recentemente, em 2022, a cidade sediou os Jogos Sul-Americanos. Todavia, no ano passado, perdeu para Lima, no Peru, a disputa pelo Pan-Americano de 2027. Agora, persiste na tentativa, tendo Niterói e Rio como oponentes.
“Estou na torcida. É importante. É uma conquista para o esporte brasileiro, carioca, fluminense, para o estado do Rio.
O experiente jornalista considera a candidatura Rio-Niterói como favorita.
“Há um favoritismo pelo fato do Rio de Janeiro ter sediado os Jogos Olímpicos de 2016, ter todo o complexo esportivo — que a gente até pode discutir se estão bem cuidados ou não, mas eles existem — tem ginásios, estádios, piscinas”, frisou.

Complexo Aída dos Santos, em Niterói: pista de atletismo | Bruno Eduardo Alves/Divulgação/Prefeitura de Niterói
Carlos Gil ressaltou que Niterói, além de já ter estruturas adequadas, está realizando investimentos importantes no esporte. Ele destaca, a favor da cidade, o conjunto de belezas naturais. O jornalista classifica o cenário como maravilhoso para o evento, destacando ainda a Região Oceânica da cidade.
Além de se referir a Niterói, Carlos Gil lembrou de Maricá como um vetor esportivo, pelos investimentos que também têm feito no esporte. Por exemplo, comentou sobre o atleta Marcus D’Almeida, da modalidade Arco e Flecha, integrante do programa “Cidade Olímpica”, desenvolvido pela prefeitura local.
“Eu acho que a candidatura ainda vai passar, naturalmente, por reformulações, e até se chegar àquela formatação final, que definem onde vão acontecer as competições”, disse, acreditando que Maricá pode vir a integrar o projeto futuramente.
Não tem “favas contadas”

Parque Olímpico de Assunção, no Paraguai | Divulgação Sul-Americano 2022
Gil lembrou que já teve oportunidades de cobrir escolhas de sedes para realização de jogos Olímpicos e também das Américas. Nesse sentido, o jornalista chama atenção para um critério que vai além da capacidade das cidades sediarem o evento: o aspecto político que envolve a escolha. Para o repórter, o Paraguai pode usar a seu favor a mesma estratégia adotada pelo Brasil anteriormente: a emoção.
“A gente sabe que essas escolhas envolvem o aspecto técnico, mas tem muito do aspecto político. O Rio de Janeiro e Niterói tem hoje uma estrutura para realizar uma competição dessa envergadura, que sem dúvida nenhuma é maior do que Assunção. Mas existe um apoio político muito importante do governo Paraguaio à candidatura. Então, eu não daria como favas contadas, pois reside nisso a força da candidatura paraguaia: ‘ah, o social, o desenvolvimento, que precisa investir mais no esporte, que nunca teve a oportunidade de realizar um grande evento’. Todo aquele discurso que o Rio e o Brasil um dia usaram, é o que o Paraguai vai usar, tentar levar pra emoção.
Niterói: técnica e emoção
Porém, Carlos Gil vê que há, também, na candidatura brasileira, apelos emocionais e sociais. Principalmente, por parte dos investimentos em Niterói voltados para o Leste Fluminense. Sobretudo, por meio de soluções em mobilidade urbana e ambiente.

Vela: Regata disputada em Niterói, em Novembro de 2024, no Clube Naval Charitas | Créditos: Márcia Valle/CBVela
“É claro que também tem uma questão social envolvida do transporte, do metrô, do desafogo de não ter só a Ponte (Rio-Niterói), de investir nas barcas, de investir — finalmente — numa despoluição da Baía de Guanabara, que a gente ouve há tantos e tantos anos, por isso que eu acho que, botando na balança, há um favoritismo para Rio e Niterói”.

Barcas, antigo modal de mobilidade entre Niterói e Rio de Janeiro, que projetam um metrô sob a Baía de Guanabara, que Carlos Gil sonha em ver despoluída | André Freitas/Folha do Leste
Lembrado de que Niterói possui, ao todo, 10 medalhas olímpicas, Carlos Gil fez questão de ressaltar que uma delas foi conquistada pela vice-prefeita, Isabel Swan. Além disso, citou a família Grael como referências do olimpismo na cidade.

Isabel Swan, atleta de Vela e medalhista olímpica em Pequim-2008, agora vice-prefeita de Niterói e secretária municipal do Clima, Defesa Civil e Resiliência, depois de exercer função diretiva no Comitê Olímpico Brasileiro | Reprodução
“Niterói tem Isabel Swan como vice-prefeita, que é medalhista olímpica. Tem toda família Grael, Marcus D’Almeida, ali em Maricá, tem todo um apelo esportivo, financeiro, organizacional, estrutural, é maior. Porém — a gente não pode esquecer — tem todo movimento político que está por trás disso. Não basta você ter apenas a história, a cultura, a beleza natural, tem que convencer as pessoas que votam.
“Quem não gosta de Niterói está vivendo errado”

Lagoa de Piratininga, com linda vista para o Rio de Janeiro ao fundo | Angélica Carvalho/Folha do Leste
Apesar de jamais ter morado na cidade, Carlos Gil diz frequentar muito Niterói, onde tem muitos amigos. Além disso, ele fala com carinho e apego sobre as praias da cidade, como Camboinhas, Itacoatiara e Piratininga. Amante do samba niteroiense, disse que já atravessou muitas vezes a Baía de Guanabara para acompanhar os ensaios da Unidos da Viradouro e da Acadêmicos do Cubango, na Amaral Peixoto, como folião. De igual forma, comemora a chegada da Acadêmicos de Niterói ao grupo especial.

Viradouro realiza penúltimo ensaio na Amaral Peixoto, em Niterói, neste domingo (2/2) | André Freitas/Folha do Leste
Destacou, ainda, a parte histórica da cidade, notadamente as fortalezas da cidade. E também se disse fã do Mercado São Pedro de peixes e do bolinho de bacalhau do Caneco Gelado do Mário.

Mercado de Peixe São Pedro, em Niterói | Folha do Leste/Arquivo
“Ninguém deixa de ser de Niterói. Uma vez niteroiense, sempre niteroiense. O niteroiense tem essa característica de ficar raízes ali”, finaliza.
+ MAIS NOTÍCIAS DE NITERÓI? CLIQUE AQUI
+ MAIS NOTÍCIAS DO LESTE FLUMINENSE? CLIQUE AQUI