Um terremoto de magnitude 8.8 registrado na Península de Kamchatka, na Rússia, na terça-feira (29), gerou uma série de alertas de tsunami em países banhados pelo Pacífico, incluindo Japão, Estados Unidos e Havaí. No arquipélago havaiano, o aviso de evacuação levou moradores da ilha de Maui a buscarem rotas alternativas de fuga — entre elas, uma estrada privada pertencente à apresentadora Oprah Winfrey, que se tornou o centro de uma polêmica internacional.
A via em questão conecta as regiões de Wailea e Kula, passando por uma área elevada e considerada estratégica para evacuações. Durante o alerta, vídeos começaram a circular nas redes sociais alegando que a estrada estava fechada, supostamente por ordem direta de Oprah, o que teria impedido o deslocamento seguro de moradores.
Com a repercussão, a apresentadora se tornou um dos assuntos mais comentados da rede social X (antigo Twitter) nas primeiras horas da quarta-feira. Nas publicações, internautas acusavam Oprah de “trancar” o acesso à estrada e agir de forma egoísta durante um momento crítico.
Oprah Winfrey entrou em contato com autoridades
Contudo, de acordo com o jornal People, dos Estados Unidos, e a publicação sueca Aftonbladet, essas acusações não se confirmaram. Segundo um porta-voz oficial da apresentadora, tão logo soube dos alertas emitidos pelas autoridades havaianas, Oprah entrou em contato com a Polícia de Maui e com a agência federal de emergências dos Estados Unidos (FEMA) . Ela não só ofereceu apoio, bem como liberou a estrada imediatamente.
A Polícia de Maui também se pronunciou, conforme noticiado pelo site norte-americano Page Six. As autoridades esclareceram que a via estava aberta e seu uso seguia orientações de agentes locais. Para evitar tumultos e acidentes, a liberação ocorria de forma controlada, com cerca de 50 carros passando por vez. Ainda segundo a corporação, não houve obstrução da estrada por parte da proprietária.

Estrada privativa da apresentadora Oprah Winfrey aberta para o tráfego de veículos, principalmente daqueles que desejam deixar o Havaí por conta do Tsunami no Japão | Reprodução
Repercussão
O destacou que algumas críticas se concentraram no fato de a liberação não ter ocorrido “horas antes” do alerta oficial. No entanto, o mesmo jornal reconhece que a via estava operacional no momento da evacuação e sob supervisão das autoridades locais.
A situação não é inédita. Em 2019, durante incêndios florestais que atingiram a mesma região, Oprah já havia autorizado o uso da estrada por moradores em fuga. A atitude louvável recebeu elogios, na época, de líderes comunitários e pela imprensa local.
Especialistas em comunicação digital ouvidos pela imprensa americana afirmam que a viralização do conteúdo acusatório nas redes sociais tem características de desinformação — amplificada pelo medo generalizado diante da ameaça de desastre natural.
Apesar da grande circulação de vídeos e imagens com acusações, nenhuma evidência oficial confirmou que Oprah tenha bloqueado a estrada ou dificultado o trabalho das equipes de emergência. Ao contrário, a colaboração da apresentadora com as autoridades teve reconhecimento por diversos veículos da imprensa internacional.
Após a situação de aflição e pânico, houve a suspensão do alerta de tsunami. Assim sendo, até o momento, o Havaí não registrou vítimas ou danos graves.
A estrada privativa de Oprah Winfrey permanece liberada, caso haja outro alerta de tsunami no Havaí. Por outro lado, faz-se necessária uma reflexão sobre o papel das redes sociais na construção — ou destruição — da reputação das pessoas. Sobretudo, considerando o poder de transmissão em massa de conteúdo noticioso falso no ambiente do X.