A Polícia Civil e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizaram, nesta quarta-feira (9), uma operação no Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro, visando reprimir crimes ambientais. Investigações apontam que criminosos se associaram a empresas de resíduos para cobrar taxas pelo descarte irregular, causando um prejuízo ambiental estimado em R$ 5 milhões. Até o momento, um homem foi preso e um fuzil apreendido.
A ação, denominada Operação Expurgo, teve como objetivo cumprir 14 mandados de busca e apreensão contra narcotraficantes e companhias que utilizam uma área da comunidade Parque Alegria para descarte de resíduos. De acordo com a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), o aterramento ilegal tem criado grandes lixões, contaminando o lençol freático e suprimindo a vegetação de mangue.
Durante a investigação, agentes identificaram que o recebimento de resíduos ilegais tornou-se uma nova fonte de renda para a facção criminosa. Empresas pagavam valores abaixo dos cobrados pelos Centros de Tratamento de Resíduos credenciados pela Prefeitura do Rio. A Polícia Civil já identificou 10 empresas envolvidas nessa prática.
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Além disso, a Ciclos Ambiental, empresa com contrato junto à prefeitura, é alvo da operação. Funcionários teriam desviado maquinários e equipamentos para auxiliar o esvaziamento dos lixões clandestinos explorados pelo tráfico de drogas, mantendo a atividade ilícita.
Diante do dano ambiental estimado para a reposição da vegetação degradada na Zona Portuária, a DPMA solicitou o sequestro de 17 caminhões dessas empresas. A Justiça do Rio irá se manifestar sobre o pedido após a operação.
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Agentes da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) também atuam na região.
A Ciclus informou que não foi notificada oficialmente sobre as investigações e reitera que pauta suas ações na ética e no rigoroso cumprimento das leis. A empresa destacou que tem total interesse na elucidação dos fatos e se mantém à disposição para contribuir com quaisquer esclarecimentos necessários.
O Inea, desde outubro de 2024, realiza um mapeamento dos crimes ambientais cometidos às margens da Baía de Guanabara, especialmente o descarte ilegal de resíduos. Na ação desta quarta, técnicos do instituto irão dimensionar a quantidade de detritos empilhados no lixão do Caju e a extensão da poluição provocada ao meio ambiente, que são importantes para aferir o valor das multas que serão aplicadas às empresas poluidoras. Pela legislação em vigor, a penalização pode chegar a R$ 5 milhões pelos crimes ambientais.
“Nos últimos meses temos intensificado as operações para acabar com os lixões irregulares no Rio de Janeiro, há todo um trabalho de inteligência e diversos investimentos em tecnologias que os órgãos ambientais estaduais estão aplicando e colhendo bons resultados”, destacou o secretário do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
Na mesma região da operação desta quarta, um homem, que seria executado pelo “tribunal do tráfico”, foi resgatado no Natal do ano passado. Ele havia sido capturado por cinco traficantes e torturado. Policiais civis realizaram uma operação de emergência para resgatá-lo. Na ação, um criminoso morreu em confronto com os agentes. Com ele, foram apreendidos um fuzil, munições, um cinto tático e rádio comunicador.