Operação desarticula quadrilha que fraudava planos de saúde

Operação desarticula quadrilha que fraudava planos de saúde | Reprodução

A Polícia Civil realizou nesta segunda-feira (14) uma operação contra fraudes em uma seguradora de planos de saúde, com prejuízos estimados em R$ 11 milhões. O grupo investigado é acusado de estelionato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação, batizada de Carência Zero, cumpriu mandados de prisão e busca, incluindo a captura da líder da quadrilha em Itaguaí, Região Metropolitana do Rio.

As investigações da 12ª DP (Copacabana) identificaram que a quadrilha criava empresas de fachada para obter planos empresariais, normalmente restritos a funcionários ou sócios. Esses planos eram vendidos a pessoas físicas que buscavam escapar da carência, que impede procedimentos imediatos.

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Ao longo do período de atuação, de 2010 a 2023, dez empresas de fachada foram abertas. A maioria informava endereços inexistentes, dificultando a fiscalização pela seguradora. Assim que um contrato apresentava irregularidades, os suspeitos transferiam os beneficiários para uma nova empresa fictícia, mantendo os planos ativos.

De acordo com as investigações, a quadrilha cobrava entre R$ 3 mil e R$ 4 mil por cliente para isentar a carência dos planos. Os clientes realizavam pagamentos mensais à líder do esquema, Adriana Neves Castro, que, além disso, repassava parte do valor ao filho para ocultar patrimônio.

Durante depoimentos, alguns beneficiários admitiram que compraram os planos com o objetivo de realizar cirurgias como bariátricas, partos e remoção de tumores, procedimentos que exigiriam carência em contratos comuns. Em áudios obtidos pela Polícia, Adriana negociava diretamente as condições: “A bariátrica demora dois anos, mas com R$ 3,5 mil você faz agora, sem espera”, afirmava em uma gravação.

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Adriana também se candidatou ao cargo de vereadora nas eleições municipais de 2024, pelo União Brasil, mas não foi eleita. Em suas redes sociais, ela se apresenta como empresária, corretora de planos de saúde e dona de uma clínica e uma loja de roupas. Casada e mãe de um estudante de Direito, Adriana afirmou que atua há 14 anos no setor empresarial.

Além da líder, o esquema contava com a participação de um contador, responsável por abrir as empresas fictícias, e captadores de clientes, que atuavam em locais movimentados oferecendo os planos ilegais. A polícia investiga ainda o envolvimento de um médico, que realizava cirurgias bariátricas e orientava pacientes a contratar os planos fraudulentos para acelerar o processo.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) colaboraram na primeira fase da operação. Com os mandados cumpridos, a polícia quer ouvir as pessoas envolvidas e entender se seus dados foram usados pela quadrilha sem consentimento.

Segundo a 12ª DP, também será investigada a responsabilidade dos clientes que adquiriram os planos fraudulentos. Eles podem ser obrigados a reparar os danos à seguradora. A Polícia Civil ressaltou que a operação é importante para proteger os consumidores, já que fraudes como essas aumentam os custos dos planos de saúde para todos.