
Foto: Marcelo Gonçalves – FFC
JEDDAH, Arábia Saudita – O Fluminense está na final da Copa do Mundo de Clubes. O tricolor carioca, campeão da Libertadores da América, derrotou o Al Ahly, do Egito (campeão africano) por 2 a 0 e garantiu sua vaga na grande decisão de sexta-feira, contra o vencedor do duelo entre Manchester City (Inglaterra) e Urawa Reds (Japão), que será realizado nesta terça-feira, em Jeddah. Apesar de o placar indicar uma vitória sem maiores preocupações, o time egípcio valorizou muito a vitória do Fluminense. Fábio, goleiro tricolor, foi um dos destaques do jogo.
Nos primeiros 45 minutos, o Al Ahly impôs-se fisicamente. Percebia-se um Fluminense nervoso, talvez pensando no tal “vexame” que Fernando Diniz quis jogar para o lado na coletiva pré-jogo. Apesar de Fábio ter feito excelentes defesas (uma delas numa cabeçada à queima-roupa de dentro da pequena área), o Fluminense acertou duas vezes as traves dos egípcios. Ou seja: trocação, perigo para cá e para lá. E alguns dos principais jogadores dos dois times tinham atuação apagada, como Cano e Keno, no Fluminense; e Kahraba e Tau, no Al Ahly.
Como resistiu bem à pressão no primeiro tempo, Fernando Diniz manteve o time do Fluminense para o segundo tempo. Parecia até uma provocação ao time egípcio, cujos torcedores andaram dizendo que o tricolor carioca era um time de velhos e vovôs. A experiência de Felipe Melo, por exemplo, mostrava-se fundamental na contenção dos atacantes egípcios (apesar de o camisa 30 ter falhado feio numa jogada, mas sem comprometer). O segundo tempo começou mais equilibrado.
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Sentindo que o talento seria fundamental para definir o jogo, o Fluminense começou a tentar mais jogadas individuais. E foi num avanço de Marcelo pela ponta esquerda, com uma caneta humilhante quase na linha de fundo, que nasceu o pênalti que daria a vantagem inicial para o Fluminense. A falta foi tão escandalosa (pelo menos para quem estava no estádio) que não houve sequer o aviso que o VAR estava checando o lance. Pênalti e ponto final, com Jhon Arias batendo firme, aos 26 do segundo tempo.
Com a vantagem, o Fluminense passou a usar de malandragem para deixar o tempo passar – mas sempre que possível ameaçando o gol do Al Ahly. Como a quarta árbitra, Tori Penso, que apitara o jogo de abertura da Copa do Mundo de Clubes, mostrava-se confusa, a comissão técnica tricolor aproveitava e parava o jogo, aumentando a pressão em cima do campeão africano que não soube reencontrar-se após ficar em desvantagem. Era evidente que o segundo gol do Fluminense estava mais próximo do que o primeiro do Al Ahly.
Já com John Kennedy em campo, o Fluminense passou a dar as cartas de vez no gramado. Cano quase marcou, Jhon Arias soltou-se, Martinelli (outro grande nome da partida) comandava o meio… Já aos 45 do segundo tempo John Kennedy marcou o segundo gol e definiu o placar. O árbitro polonês Szymon Marciniak ainda deu oito minutos de acréscimo, mas foi o Fluminense quem comandou as ações até o apito final que decretou a presença do campeão das Américas na decisão da Copa do Mundo que acontece na Arábia Saudita.
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Vicente Dattoli
JEDDAH, Arábia Saudita – Nem precisava, mas as palavras do professor confirmaram o que pôde ser visto no jogo: o Fluminense começou a semifinal da Copa do Mundo de Clubes nervoso, muito nervoso. E se não fosse Fábio, talvez a história teria sido muito diferente. “Era nossa estreia no Mundial e contra uma equipe que já jogara neste campo, que é muito diferente do campo de treinamento. A bola aqui é mais viva, muito mais rápida. Isso criou uma insegurança que fez com que cedêssemos contra-ataques que normalmente não permitimos”, avaliou Fernando Diniz.
Na volta do intervalo, porém, percebia-se que o Fluminense era outro. Bem mais calmo, controlando as ações. “Conversamos muito, o nervosismo diminuiu e, depois do gol, o Al Ahly acabou permitindo espaços que não tivemos no primeiro tempo. Eles tinham que buscar o resultado e nós temos essa característica de nunca desistir”, afirmou o treinador tricolor.
Fernando Diniz era, também, só elogios a John Kennedy, o autor do segundo gol que definiu o placar. “Ele é um jogador de muito potencial, brilhante mesmo. Pode decidir uma Libertadores, uma Copa do Mundo… Pode não acontecer, mas ele é predestinado”, festejou Diniz, que tem grande importância nesta mudança de rumo na carreira do camisa 9. “Ele virou um cara muito mais profissional, está muito mais treinado, decidindo jogos. Espero que cresça muito mais”, disse Diniz, sem esconder o orgulho pela certeza de ter participação nesta evolução a partir do momento em que John Kennedy voltou do empréstimo para a Ferroviária de Araraquara.