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O dilema tricolor

O dilema tricolor

Ver seus principais (jovens) jogadores partir ou inflacionar a folha de pagamento no momento que pode equacionar suas contas e entrar no rumo da independência financeira? A conquista da Libertadores vai impor à diretoria do Fluminense essa difícil escolha logo após o Mundial de Clubes que será disputado na Arábia Saudita, em dezembro – haverá uma janela de contratações na Europa em janeiro de 2024.

Com o advento da Lei Pelé o passe terminou. Existem agora os chamados direitos federativos, que, mal comparando, significam mais ou menos o mesmo, mas o mais ou menos é que atrapalha. Hoje, quando se fecha um contrato com qualquer jogador, fica estabelecida uma multa rescisória – e também que, se seis meses antes do encerramento do compromisso não houver acordo, o jogador pode deixar o clube sem ônus. O próprio Fluminense trouxe muitos jogadores assim para este elenco campeão.

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Às vésperas da decisão do torneio continental, surgiu a notícia que Nino, campeão olímpico, estaria sendo negociado com o Nottingham Forest por sete milhões de euros. Questionado na coletiva pré-jogo, Nino simplesmente pediu para não falar no assunto. Indicação mais forte, impossível. É pouco, não é mesmo? E nem todo o valor seria (será) do tricolor carioca. O Criciúma detém 40% dos direitos federativos do zagueiro. No meio do ano o Fluminense já conseguiu segurá-lo, mas agora…

Há pouco tempo também surgiram especulações sobre a cessão de André. Também para o futebol inglês. Na época, o Fluminense conseguiu convencer jogador e empresário (estes são normalmente os que mais fazem pressão para que o negócio se concretize) a dizerem não. Agora, porém? Será que André (e seu empresário) resistirão de novo? Talvez não seja mais para o Liverpool, pode aparecer algum time espanhol, italiano… O certo é que dificilmente o camisa 7 do Fluminense permanecerá no Brasil.

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Nos anos 80, para ser preciso em 1981, pouco depois da conquista do Campeonato Carioca em cima do Vasco (gol de Edinho, de falta, no dia 30 de novembro de 1980), o então vice de Futebol Rafael de Almeida Magalhães decidiu “pagar valores justos de salário” aos campeões e terminar com o chamado “bicho”. Destruiu a folha salarial, o time e viu a equipe, cheia de promessas, se desfazer. Afinal de contas, o que seria pagar valores justos de salário? Todos foram muito aumentados e… Bem, a dívida aumentou e o Fluminense entrou em jejum.

A diretoria comandada por Mario Bittencourt viverá o mesmo dilema. Certamente os torcedores pressionarão para que mantenha os jogadores que alcançaram a glória eterna conquistando a Libertadores. A que preço? Se Jhon Arias (outro que já está no radar de clubes europeus) passar a receber R$ 1,5 milhão por mês, quanto deverá ser pago a Cano? O mesmo, pelo menos, não? Só aí, sem os impostos, serão R$ 3 milhões mensais. Por dois jogadores. Faltariam nove para compor ao menos a equipe titular.

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Dinheiros extra entrarão nos cofres do Fluminense. Só que a diretoria tem o dever de zelar para o fantasma dos gastos desenfreados fique longe da sede das Laranjeiras. Este pode ser, como já foi dito, o momento de sanear as finanças do clube e prepará-lo para uma vida longa e saudável – financeiramente. A conquista da Libertadores rendeu US$ 18 milhões de prêmio, mais US$ 3 milhões garantidos pela Libertadores de 2024. E mais a Recopa Sul-Americana, o Torneio Intercontinental, o Mundial de 23 e o de 25, talvez a Supercopa…

Os torcedores conscientes do Fluminense certamente esperam que seus dirigentes mantenham os pés no chão. Que já estejam (já deveriam estar) procurando peças que possam substituir aqueles que venham a deixar o clube (Samuel Xavier e Alexsander também podem entrar na relação dos negociados) para “não deixar a peteca cair”. Apesar da promessa do presidente de buscar o tri carioca, talvez o Estadual seja o momento de preparar a (nova) equipe para a Libertadores e o Brasileiro. Sem arrombar os cofres.

 

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