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Niterói 450: Cidade segue em festa com aniversário do Parque Estadual da Serra da Tiririca

Niterói 450: Cidade segue em festa com aniversário do Parque Estadual da Serra da Tiririca

Parque possui 19 trilhas – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

Uma semana após Niterói completar 450 anos, a cidade está novamente em festa. O Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) completou 32 anos de criação. Hoje, a área de preservação ambiental, que também abrange parte da cidade de Maricá, é símbolo de respeito à biodiversidade, da manutenção da Mata Atlântica e de espécies nativas da fauna local.

Ambientalistas consideram o Peset o responsável pelo equilíbrio climático da região de Niterói porque guarda nascentes, protege o solo e evita enchentes, devido às suas florestas. Além disso, ameniza o clima e sustenta uma fauna que contém muitas das espécies ameaçadas de extinção.

Niterói 450: Cidade segue em festa com aniversário do Parque Estadual da Serra da Tiririca

Local é conhecido por suas belezas naturais – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

O atual gestor do parque é Ricardo Voivodic, servidor de carreira do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que trabalha há mais de 20 anos na área ambiental, sendo 15 só no instituto.

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Ao FOLHA DO LESTE, ele comentou sobre as características do parque e os desafios de se administrar um espaço com tamanha biodiversidade.

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Ricardo Voivodic é o atual gestor do parque – Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

Segundo Voivodic, o Peset tem o tamanho de 3 mil campos de futebol oficiais, o que significa, aproximadamente, 3 mil hectares, e abrange uma diversidade muito rica de ambientes. A área do parque vai desde 20 metros abaixo da linha do mar, na enseada do Bananal, porção marítima do Peset, até o ponto mais alto de Niterói, que é a Pedra do Elefante, que faz o limite com Maricá.

“O Peset é fruto da mobilização popular e do movimento ambientalista. É um parque que tem por objetivo a proteção da fauna e da flora, mas que também tem por objetivo contribuir com a amenização climática, um tema super atual hoje, quando a gente percebe que as mudanças climáticas estão afetando sobremaneira a vida de todos nós, com esses picos de calor, eventos extremos, chuva”, explicou o gestor.

Ambientes diversos

O espaço possui ambientes como restingas e promontórios costeiros, como os de Itacoatiara e de Itaipu e o Morro das Andorinhas. Ainda há a área de banhados de água doce, com jacarés e capivaras, abrangendo a área de transição de água doce para água salgada, no sistema estuarino da Laguna de Itaipu. O Peset ainda possui uma área de manguezal considerada muito importante, abrigando com espécies ameaçadas de extinção. Também há a rica parte florestal do parque.

“O parque tem contribuído nos últimos 32 anos com a proteção dessa área, da fauna, da flora, e ao mesmo tempo com a possibilidade de realização de pesquisas científicas. No âmbito dessas pesquisas a gente descobriu coisas muito interessantes na região, como por exemplo duas novas espécies nunca catalogadas de flora”, acrescentou Voivodic.

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Espaço propicia diálogo com a natureza – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

Atualmente, o parque possui mais de 200 espécies de aves, registradas com auxílio de grupos de fotografia, que ajudaram o Peset a ampliar em mais de 50 o número de espécies catalogadas e registradas. Além disso, há 19 trilhas oficiais, 260 vias de escalada registradas nos clubes de montanhismo e recebe, só nas trilhas monitoradas por eco contadores, que são contadores de passagem, mais de 400 mil visitantes por ano.

“Isso reverbera de tal forma como um potencial de realização de negócios sustentáveis para o entorno, guias turísticos, pousadas, restaurantes, toda uma cadeia de negócios que funciona no entorno da unidade que gera um grande potencial para a geração de emprego e renda para região. A gente espera que, para as próximas três décadas, tenhamos um processo de consolidação cada vez maior desse sentimento de pertencimento das pessoas em relação ao parque, dessa noção da importância da proteção da biodiversidade e de continuar sendo uma referência, como uma das unidades de conservação mais especiais do estado”, pontuou o gestor.

Preservação da fauna

De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Justiça Ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas (OPAP) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Alba Simon, um dos indicativos de preservação da fauna é justamente quando essas espécies silvestres aparecem em residências na região do parque.

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Pesquisadora Alba Simon comentou sobre o Peset – Foto: Reprodução/LinkedIn

“Hoje, você vê muita gente chamando os bombeiros para retirar a jiboia, o ouriço-cacheiro. Então você percebe que existe uma fauna. Na medida em que essa fauna, às vezes, sai do parque de abrigo, à procura de alimentação, acaba na casa das pessoas. É dessa forma que a gente observa a riqueza da fauna. As pesquisas realizadas apontam que a variedade, a biodiversidade que esse parque tem”, explicou Simon.

A pesquisadora recordou que o parque foi criado logo após a década de 1980, contexto no qual houve uma política de ocupação daquela região, apoiada pelo setor público, mas comandada pelo setor privado, de ocupar as encostas e as beiras de lagoas de Itaipu e Piratininga. Percebendo, então, essa política, um grupo de ambientalistas da cidade se juntou num movimento de resistência ecológica.

“O parque foi criado pensando nas nascentes, pensando na fauna, pensando na flora, pensando na importância que ele tem para o equilíbrio climático. Então, ele tem uma importância gigantesca hoje para a Niterói. A importância do parque é medida através não só dos serviços ambientais que ele propõe, como clima, água, solo, fauna, flora, mas também pelo número de visitantes que recebe nos fins de semana. É um número assustador, o que mostra que ele tem um valor para as pessoas”, disse a pesquisadora.

O que é o Peset

A Serra da Tiririca, antes chamada de Serra de Inoã ou Serra de Maricá, recebeu esse nome por ser repleta de espécies da família das Cyperus rotundus, popularmente conhecidas de tiriricas, as quais, têm suma importância histórica desde a viagem feita pelo príncipe naturalista alemão, Maximiliano de Wied-Neuwied, em 1815, até a passagem de um dos mais importantes naturalistas britânicos Charles Darwin em 1832.

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Pedra do Elefante faz parte do Peset – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

O movimento Cidadania Ecológica, realizado no ano de 1980, desempenhou importante papel na mobilização contrária a expansão urbana nos arredores da Serra da Tiririca, resultado da crescente pressão imobiliária da época. O movimento foi composto por cidadãos dos municípios de Niterói e Maricá que atuavam na área ambiental. A mobilização contribuiu fortemente para a criação do atual Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), afastando quaisquer riscos de construções e ocupações urbanas no local.

O Parque foi a primeira unidade de conservação de proteção integral do município de Niterói, criado em 1991 pela Lei Estadual nº 1.901 de 29 de novembro de 1991, com o intuito de preservar a biodiversidade, os recursos naturais, os sítios arqueológicos e estimular a sustentabilidade, protegendo os últimos remanescente da Mata Atlântica na região. Apenas um ano após sua criação, em 1992, a Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), incluiu o Parque como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.

 

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