Um em cada três moradores da Amazônia Legal já sente os efeitos do clima

Um em cada três moradores da Amazônia Legal já sente os efeitos do clima | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
As mudanças climáticas na Amazônia Legal deixaram de ser previsão para se tornar realidade. Um em cada três moradores da região (32%) afirma já sentir os impactos diretos da crise ambiental, segundo a pesquisa Mais Dados Mais Saúde – Clima e Saúde na Amazônia Legal, divulgada nesta quarta-feira (8).
Entre povos e comunidades tradicionais — como indígenas, quilombolas e ribeirinhos — o percentual é ainda maior: 42,2% relatam consequências perceptíveis no cotidiano.
Calor, energia cara e alimentos mais caros
Os efeitos mais sentidos são o aumento da conta de energia (83,4%), da temperatura média (82,4%), da poluição do ar (75%), e dos desastres ambientais (74,4%). Além disso, 73% notaram alta nos preços dos alimentos.
Luciana Vasconcelos Sardinha, da Vital Strategies, afirma que o modelo de desenvolvimento da região é “predatório e excludente”, com desmatamento, hidrelétricas e avanço agropecuário agravando os impactos.
“Os povos tradicionais são afetados diretamente, mas também mostram as respostas mais eficientes para mitigar as consequências”, explicou Luciana.
Ondas de calor e secas persistentes
Nos últimos dois anos, 64,7% dos entrevistados relataram ondas de calor acima da média e 29,6% enfrentaram secas mais intensas e incêndios florestais com fumaça. Outros apontaram piora na qualidade do ar (26,7%) e da água (19,9%).
Entre os povos tradicionais, a preocupação cresce com a falta de água potável (24,1%) e problemas na produção de alimentos (21,4%).
Mudanças no comportamento e na consciência ambiental
Metade dos moradores (53,3%) disse ter mudado hábitos para reduzir impactos ambientais. Quase 40% sentem culpa por desperdiçar energia, e 64% afirmam separar o lixo para reciclagem — índice maior entre povos tradicionais (70,1%).
Luciana destaca que esses grupos “se organizam em rede e conseguem se reinventar diante da crise climática”. Para ela, o caminho está em políticas públicas integradas que reduzam desigualdades e valorizem o conhecimento tradicional.
“Isso não é um problema futuro. É um problema atual, que exige planejamento integrado e sustentabilidade”, conclui.
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