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Motivação do assassinato de Marielle expôs mandantes do crime

Caso Marielle: Polícia Federal revela delação premiada

Vereadora Marielle Franco, no exercício do seu mandato | Foto: Divulgação/Câmara Municipal do Rio de Janeiro

A delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, réu confesso pelos disparos que mataram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, revelam a trama macabra por trás do crime: uma disputa por terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro, motivada pela expansão da milícia.

Segundo Lessa, Marielle foi assassinada por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Igualmente, em razão da parlamentar pressionar por acompanhamento do processo por órgãos como o ITERJ e a Defensoria Pública. A região se tratava de um dos alvos das milícias associadas aos acusados, segundo Lessa, para especulação imobiliária.

Desse modo, a vereadora se tornou um obstáculo para os planos dos  supostos mandantes. Eles tentavam, sobretudo, regularizar um condomínio inteiro na região, sem atender aos critérios de área de interesse social.

Este se trata do cenário em que se desenvolveu a Operação “Murder Inc”, da Polícia Federal (PF), neste domingo (23), com a prisão dos acusados por Lessa de envolvimento no assassinato. Entre os detidos estão o deputado federal Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, apontados como mandantes do crime.

Já o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, foi preso acusado de protegê-los, ao passo que atrapalhou as investigações.

Delações

Lessa está preso desde março de 2019 e decidiu colaborar com a justiça após a delação de seu comparsa, Élcio de Queiroz, ex-sargento da PM expulso da corporação em 2015. Queiroz acusou Lessa de efetuar os disparos. Também, admitiu ter dirigido o carro usado no crime.

Segundo Élcio Queiroz, enquanto ele perseguiu o veículo onde estavam Marielle, o motorista Anderson e assessora parlamentar Fernanda Chaves, que sobreviveu ao atentado, Ronnie Lessa efetuou os disparos.

Em sua delação, Queiroz também incriminou o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, o “Suel”, como partícipe das mortes.

A delação de Lessa teve homologação pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na última terça-feira (20). Em 2021, a Justiça condenou Lessa a quatro anos e meio de prisão pela ocultação das armas usadas no crime.

A investigação se arrasta há seis anos, mas finalmente começa a desvendar os meandros do crime e apontar caminhos para um crime que parecia insolucionável. A delação de Lessa, corroborada por outros elementos, coloca em xeque figuras poderosas e expõe a face cruel da milícia no Rio de Janeiro.

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