Morre Hermeto Pascoal, gênio da música brasileira, aos 89 anos

Morre Hermeto Pascoal, gênio da música brasileira, aos 89 anos | Divulgação
O Brasil perdeu neste sábado (13) um de seus maiores gênios musicais. Hermeto Pascoal, compositor, multi-instrumentista e arranjador reconhecido mundialmente por sua inventividade, morreu aos 89 anos. A informação, confirmada pela família em publicação nas redes sociais.
“Com serenidade e amor, comunicamos que Hermeto Pascoal fez sua passagem para o plano espiritual, cercado pela família e por companheiros de música. Como ele sempre nos ensinou, não deixemos a tristeza tomar conta: escutemos o vento, o canto dos pássaros, o copo d’água, a cachoeira, a música universal segue viva”, dizia o texto.
Hermeto estava internado no Hospital Samaritano Barra, na Zona Sudoeste do Rio, desde o dia 30 de agosto, por complicações de uma fibrose pulmonar. Segundo a instituição, “o quadro se agravou nas últimas horas, evoluindo para falência múltipla dos órgãos”.
Carreira e legado
Nascido em 22 de junho de 1936, em Lagoa da Canoa, Alagoas, Hermeto cresceu cercado pelos sons do interior nordestino. Albino de nascença, encontrou na música seu universo e logo aprendeu a tocar sanfona, desenvolvendo ouvido absoluto e uma relação única com sons da natureza e do cotidiano.
Na década de 1960, mudou-se para o Rio de Janeiro, ganhando projeção nacional e se tornando morador do bairro do Jabour, na Zona Oeste. Hermeto consolidou-se como figura central da música instrumental brasileira, transitando entre choro, jazz, música erudita e improvisação livre.
Conhecido como “O Bruxo”, ele transformava qualquer objeto em instrumento musical — desde o barulho da água em uma chaleira até o coaxar de sapos. Sua originalidade chamou atenção de artistas internacionais, como Miles Davis, que gravou uma de suas composições no álbum Live-Evil (1971).
Com discos históricos como A Música Livre de Hermeto Pascoal (1973), Slaves Mass (1977) e Hermeto Pascoal e Grupo (1982), Hermeto deixou um legado singular. No palco, suas apresentações eram marcadas por improvisação radical e comunhão com a plateia.
Hermeto também se destacou como arranjador e educador musical. Em 1996, compôs uma peça por dia durante todo o ano, totalizando mais de 400 partituras. Até os últimos anos, permanecia ativo, gravando, se apresentando e transmitindo sua paixão pela música a novas gerações.
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