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Morre Bira Presidente, lenda do samba e fundador do Cacique de Ramos

Morre Bira Presidente, lenda do samba e fundador do Cacique de Ramos | Divulgação/Marcio Lopes

O samba está de luto. Faleceu na noite deste sábado (14), aos 88 anos, o músico Bira Presidente, um dos maiores símbolos do samba carioca. O artista estava internado no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, e morreu em decorrência de complicações relacionadas ao câncer de próstata e ao Alzheimer.

A informação foi confirmada pelas redes sociais do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, que divulgaram uma nota de pesar exaltando sua importância na cultura brasileira.

 “O Grêmio Recreativo Cacique de Ramos e o Grupo Fundo de Quintal informam, com profundo pesar, o falecimento de Ubirajara Félix do Nascimento, o Bira Presidente, ocorrido às 23h55 do sábado, 14 de junho de 2025, aos 88 anos, no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca. Em decorrência de complicações relacionadas ao câncer de próstata e ao Alzheimer”.

O velório e o sepultamento ainda não tiveram os locais divulgados. Bira deixa as filhas Karla Marcelly e Christian Kelly, os netos Yan e Brian, além da bisneta Lua.

“Fundador do Cacique de Ramos e um dos criadores do grupo Fundo de Quintal, Bira construiu uma trajetória marcada pela firmeza, pela ética e pela contribuição inestimável ao samba e à cultura popular brasileira. Sua atuação no Cacique de Ramos moldou o bloco e o samba, o Doce Refúgio se tornou um espaço de referência cultural. No Fundo de Quintal, foi o ponto de partida de uma linguagem que redefiniu a roda de samba e inspirou gerações”.

Uma vida dedicada ao samba

Nascido Ubirajara Félix do Nascimento, Bira teve contato com o samba desde a infância. Aos 7 anos, foi batizado na Estação Primeira de Mangueira, sua primeira escola de samba.

No dia 20 de janeiro de 1961, fundou o lendário Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, no subúrbio do Rio, que rapidamente se tornou um dos maiores redutos do samba no país.

O Cacique revelou nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Almir Guineto, entre outros gigantes do samba.

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Paralelamente, Bira conciliou sua paixão pela música com o trabalho como servidor público. Mas, no fim dos anos 1970, decidiu se dedicar exclusivamente à carreira artística e ajudou a fundar o grupo Fundo de Quintal, que revolucionou as rodas de samba ao incorporar instrumentos como tantã, repique de mão e banjo.

Por ali passaram lendas como Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Walter Sete Cordas, Almir Guineto, Mario Sergio, Cleber Augusto e Flavinho Silva.

Reconhecimento e legado

Em 2015, Bira recebeu a Medalha Pedro Ernesto, maior honraria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. No ano seguinte, foi destaque no enredo “A Ópera dos Malandros”, do Salgueiro, desfilando no carro dos malandros.

Sua trajetória foi eternizada no livro “O Patuá Tamarindo”, lançado em 2019 pelo jornalista Paulo Guimarães.

Nos últimos meses, o sambista se afastou das atividades do Fundo de Quintal e do Cacique de Ramos devido às complicações de saúde. Na última turnê do grupo pelos Estados Unidos, ele já não participou.

O samba se despede, mas não esquece

O pandeiro silenciou, mas o som que Bira Presidente ajudou a construir jamais se calará. Seu legado vive nas rodas de samba, nas esquinas, nos palcos, nos carnavais e nos corações de quem ama a cultura popular brasileira.

“Doce Refúgio” nunca mais será o mesmo. Descanse em paz, Bira Presidente.

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