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Mortalidade materna de mulheres negras: desigualdade

Créditos: TV Brasil

A Mortalidade materna de mulheres negras no Brasil se revela um problema de saúde pública. Dados recém divulgados pelo Ministério da Saúde e da Igualdade Racial mostram que a mortalidade materna no Brasil atinge, desproporcionalmente, à elas. Em 2020, 63% das mortes maternas no país por covid-19 foram de mulheres pretas ou pardas.

Hipertensão

Há outros dados que despertam a nossa atenção. Destacamos, dentre eles, as mortes por hipertensão. Esse indicador teve aumento de 5% na mortalidade de mulheres pretas, enquanto registrou redução em todas as outras etnias. As indígenas tiveram índice a menor de 30%. Já as mulheres brancas, menos 6%. E as pardas, entretanto, próximas da estabilidade, com queda de 1,6%.

Malformação

Desde 2015, a principal causa de mortes infantis na população preta e parda tem como causa a malformação congênita, deixando para trás a prematuridade e as infecções perinatais.

A proporção de óbitos por malformação congênita passou de 16,7% em 2010 , para 19,1% em 2020, no que concerne aos recém-nascidos negros. Todavia, a mesma causa, para os pardos, teve aumento de 16,1% para 20,3% considerando igual período.

HIV

No Brasil, 67% das gestantes infectadas por HIV (AIDS) se autodeclararam negras.

  • A proporção da incidência da doença entre pretos e pardos – em geral – teve aumento entre os anos de 2011 e 2021, saltando de 20,3% para 62,3%.
  • Entre menores de 14 anos, a proporção de negros infectados superou os 70%.

Conforme podemos observar, em cada três casos de AIDS, dois ocorrem em pessoas negras. Esse número se agrava com o percentual de morte pela doença, estabelecido na proporção de 60,5% para pessoas negras.  

Sífilis

A sífilis congênita, que é transmitida durante a gestação, atinge a mais de 70% das crianças filhas de mães negras.

Tuberculose

Cerca de 64% dos casos de tuberculose registrados no Brasil, em 2022, afetavam pessoas negras e pardas. Já o percentual proporcional de mortalidade atingiu o índice de 65%.

Desafio social de saúde

Dessa forma, fica evidente que esses dados apontam para a existência de um problema de saúde pública que precisa de enfrentamento urgente. Pois as causas dessa desigualdade são complexas e envolvem fatores sociais, econômicos e culturais. 

Entre os fatores sociais, destacam-se a desigualdade racial e a discriminação, que levam a uma maior vulnerabilidade das mulheres negras a condições de vida precárias, como a falta de acesso a cuidados de saúde adequados. No meu próprio meio de trabalho, na educação física, percebemos essa desproporcionalidade nas academias.

Afinal, cuidar do corpo, também é cuidar da saúde. Principalmente, na gestação, período em que algumas atividades físicas – com acompanhamento profissional – são recomendadas para o bem estar da futura mamãe.

Os fatores econômicos também contribuem para essa desigualdade, pois as mulheres negras, em geral, têm menos acesso a recursos financeiros e a empregos de qualidade, o que dificulta o acesso a cuidados de saúde durante a gravidez e o parto.

Os fatores culturais também desempenham um papel importante, pois a visão estereotipada da mulher negra como forte e resistente pode levar a uma subvalorização de seus cuidados de saúde.

Para enfrentar esse problema, devemos  cobrar a implementação de políticas públicas que promovam a equidade racial e a igualdade de oportunidades para as mulheres negras.

Também se faz necessário combater a discriminação racial e promover a conscientização sobre a importância da saúde materna para todas as mulheres.

Aqui estão algumas medidas que podem ser tomadas para reduzir a mortalidade materna negra:
  • Fortalecer o acesso das mulheres negras aos serviços de saúde, incluindo pré-natal, parto e pós-parto.
  • Promover a educação em saúde para as mulheres negras, incluindo informações sobre os riscos da gravidez e do parto e sobre como cuidar da saúde durante esse período.
  • Combater a discriminação racial no sistema de saúde.
  • Promover a igualdade de oportunidades para as mulheres negras, incluindo acesso à educação, ao emprego e à renda.

Ao tomar essas medidas, podemos contribuir para reduzir a mortalidade materna negra. E, sobretudo, garantir que todas as mulheres tenham acesso aos cuidados de saúde necessários à gravidez e partos saudáveis.

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