Niterói amanhece de luto neste sábado (11) com a notícia da morte do comerciante Antônio de Azevedo Alves. Mais conhecido como “Seu Antônio”, e dono do restaurante homônimo, que fez fama e se tornou o mais tradicional de culinária portuguesa da região, internacionalmente conhecido por seu tradicional bacalhau.
A notícia foi divulgada nas redes sociais do estabelecimento, que funciona no Cafubá, Região Oceânica. O restaurante não abrirá as portas, como de costume, para receber os milhares de fregueses que sequer se importam com as filas de espera para saborear o variado cardápio.
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O prefeito de Niterói, Axel Grael, lamentou a morte de Seu Antonio, sobretudo em razão da relação de amizade entre ambos.
“Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento do amigo querido Seu Antônio. Todo mundo o conhecia pelo tradicional restaurante, grande nome da gastronomia de Niterói, no Cafubá, mas talvez poucos tiveram a oportunidade de conviver com essa pessoa querida que ele foi. E eu tive essa oportunidade”.
Axel também comentou a exemplar trajetória do comerciante.
“Seu Antonio seguirá nos inspirando, com sua história de vida de luta! Veio de Portugal e começou a fazer pão na região do Cafubá. Com muita dedicação e esforço, se destacou com o restaurante na Região Oceânica que vive cheio. E após a abertura do túnel Charitas-Cafubá, o local passou a receber pessoas de outros municípios e o Seu Antonio sempre relatava sua alegria por isso”, rememorou.
Por fim, o prefeito disse que irá decretar luto de três dias na cidade. Além disso, a rua onde fica o restaurante passará a denominar-se Seu Antonio.
“Vou decretar luto oficial em Niterói em reconhecimento ao seu legado. E a rua do restaurante passará a se chamar Rua Seu Antônio.
Minha solidariedade e carinho à Dona Shirley e toda a família do Seu Antônio, que sempre me recebiam com muito carinho. Seu Antônio seguirá nos inspirando. Trabalhista histórico da nossa cidade! Seu Antonio, presente!”, disse o prefeito.
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O presidente da Câmara de Niterói, vereador Cal, também lamentou o falecimento de Seu Antonio. Endossando o decreto de luto oficial da cidade, Cal também ressaltou a importância de Seu Antonio não somente pelo sucesso comercial, mas por sua luta e trajetória de vida.
“Lamentável o falecimento. A Câmara está de luto. Digo isso em nome de todos os parlamentares. Seu Antonio nos deixa um exemplo de vida, pois tudo o que construiu na vida foi com persistência e trabalho. Ele nos deixa um legado de honestidade, dignidade, luta e obstinação”, afirmou Cal.
“É com grande tristeza que recebemos essa notícia. Niterói perde um homem que nos deu uma grande referência gastronômica, a custo de muito trabalho e dedicação. Estamos de luto. Nossas condolências e solidariedade à família”, disse o vereador Adriano Boinha.
Outra autoridade municipal a se manifestar se trata do Administrador da Região Oceânica, Binho Guimarães. Vereador licenciado, Binho disse que o decreto de luto oficial, bem como batismo da rua, tratam-se de merecidíssimas homenagens.
“Perdemos um ícone da cidade. Nossos sentimentos”, finaliza Binho.
O ex-vereador e atual presidente da Associação de Fiscais Fazendários de Niterói, José Augusto Vicente, morador há mais de 40 anos da Região Oceânica, também se manifestou.
“A Região Oceânica perde não só um comerciário, mas um grande trabalhador e colaborador da construção desse nosso lugar. Seu negócio cresceu, se desenvolveu e fez sucesso graças a seu trabalho, numa época em que tínhamos pouca estrutura e o número bem menor de habitantes. O sucesso do seu restaurante não está só no tempero. Mas nas mãos de quem o preparou e consolidou. Sem dúvidas, o maior ponto gastronômico de Niterói. Afinal, ninguém faz fila para comer se a casa não for boa em tudo”, disse José Augusto Vicente.
Seu Antônio, o português que virou celebridade em Niterói
Antônio de Azevedo Alves, mais conhecido como Seu Antônio, é um português que desembarcou no Brasil em 1958 e, desde então, construiu uma trajetória de sucesso no ramo gastronômico.
Seu Antônio nasceu na região Trás-os-Montes, Portugal, e veio para o Brasil em busca de uma vida melhor. Inicialmente, trabalhou como empregado em um botequim no Rio de Janeiro, mas logo decidiu abrir seu próprio negócio. Em 1964, abriu seu primeiro botequim em Niterói, seguido de outros dois, tornando-se um próspero empresário.
No entanto, uma tragédia mudou sua vida. Em 1978, foi baleado durante um assalto e ficou entre a vida e a morte. Após se recuperar, decidiu mudar de rumo e se mudar para o Cafubá.
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No bairro, Seu Antônio abriu uma pequena quitanda e uma pensão, que servia comida simples para trabalhadores da construção civil. O negócio foi crescendo aos poucos e, atualmente, se trata de um dos mais tradicionais conjuntos gastronômicos de Niterói.
Restaurante Seu Antônio é conhecido por sua comida caseira e saborosa, enquanto o Bar da Fila, como o nome sugere, tem filas que chegam a 150 pessoas nos finais de semana.
Seu Antônio, um homem carismático e autêntico, que conquistou o coração e o paladar dos niteroienses e fluminenses. E sua história servirá sempre como um exemplo de superação e determinação.